Folha de S. Paulo


Hospital de Aleppo é bombardeado pela segunda vez em uma semana

O hospital M10, o maior sob controle dos rebeldes em Aleppo, na Síria, foi atingido neste sábado (1º) por bombas de barril, o segundo ataque ao centro médico em apenas quatro dias.

O local já havia sido atingido por bombardeios na última quarta-feira (28), que atingiram também outro hospital sob o comando dos rebeldes, o M2. Ambos os centros estavam fora de funcionamento desde então. O ataque foi classificado de crime de guerra pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Com os dois hospitais inoperantes, restam apenas seis centros médicos em operação na regiões leste da cidade, controlada pelos rebeldes, segundo a Sociedade Médica Sírio Americana (SMSA).

"Duas bombas de barril atingiram o hospital M10 e há ainda relatos de uma bomba de fragmentação", disse Adham Sahloul, integrante da SMSA, que gerencia os hospitais.

A França condenou o mais recente ataque ao M10, que classificou como crimes de guerra por atingir estruturas de cuidados de saúde. "Seus perpetradores serão responsabilizados", disse o ministro de Relações Exteriores Jean-Marc Ayrault, em comunicado. "A França está mobilizando o Conselho de Segurança."

ALERTA

Neste sábado, Aleppo foi alvo de uma nova ofensiva das forças aéreas russas contra os rebeldes. Os ataques se concentraram em uma das principais rotas de abastecimento dos rebeldes: a estrada Castello e o distrito Malah. Segundo o canal árabe Al Jazeera, que cita ativistas sírios, ao menos 30 civis morreram nos novos bombardeios.

Houve ainda confronto no bairro de Suleiman al Halabi, frente de batalha ao norte da Cidade Velha de Aleppo.

O país alertou ainda os EUA para consequências "terríveis e tectônicas" se mantiverem a ofensiva internacional contra as forças do governo do ditador Bashar al Assad.

A porta-voz da Chancelaria russa Maria Zakharova afirmou que uma agressão direta dos EUA contra o governo sírio e as forças armadas levaria a mudanças tectônicas assustadoras não apenas no país, mas em todo o Oriente Médio.

Em declarações reproduzidas pelas agências de notícias russas, Zakharova disse que uma mudança de regime na Síria criaria um vácuo de poder rapidamente preenchido por terroristas de todos os tipos.

A Rússia é a maior aliada do governo Assad, que enfrenta há cinco anos uma guerra civil que devastou o país e tornou o território sírio em um oásis para o grupo terrorista Estado Islâmico. Os EUA, junto a outras potências ocidentais, pedem a renúncia do ditador sírio.

Nesta sexta-feira (30), a ONG britânica Observatório Sírio dos Direitos Humanos afirmou que mais de 9.000 pessoas morreram em um ano do início da ofensiva russa no país.

De acordo com o levantamento da organização, que monitora o conflito sírio, 9.364 pessoas morreram devido à ofensiva militar russa. Desses, 3.804 eram civis -906 crianças. Os mortos incluem ainda 2.746 membros da facção terrorista Estado Islâmico e 2.814 integrantes de outros grupos rebeldes.

Os ataques russos ajudaram Assad a reforçar suas posições em áreas estratégicas, como na província de Aleppo, no norte do país, e na região da capital, Damasco.


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