Folha de S. Paulo


Mulher de homem baleado pela polícia em Charlotte (EUA) filmou o incidente

Reprodução/'New York Times'
Cena do vídeo feito pela mulher de Keith Scott, morto em Charlotte (EUA) pela polícia
Cena do vídeo feito pela mulher de Keith Scott, morto em Charlotte (EUA) pela polícia

A mulher de Keith Lamont Scott, morto pela polícia em Charlotte (Carolina do Norte), nos EUA, na terça-feira (20), filmou os momentos logo antes, durante e depois do incidente.

O vídeo foi publicado pelo jornal "The New York Times", que o obteve com o advogado da família. No vídeo, de dois minutos e meio, não é possível ver se Scott tinha uma arma e também não é possível ver o momento em que ele é baleado. A morte dele causou protestos nas últimas três noites na cidade.

Policiais buscavam um suspeito perto de um conjunto de prédios quando viram Scott, 43, que não era a pessoa procurada, dentro de um carro. Segundo a família, ele esperava seu filho chegar da escola.

A polícia diz que ele tinha uma arma; a família, que segurava um livro.

No vídeo, é possível ouvir a mulher de Scott, Rakeyia, gritando repetidamente para que os policiais não atirem nele e pedindo para que o marido saia do carro. Ela também diz aos policiais que ele não está armado.

Rakeyia grita também no vídeo que Scott teve um traumatismo cranioencefálico, indicando que ele pode ter algum tipo de sequela motora. A família afirma que ele sofreu um acidente de motocicleta em 2015.

No vídeo, ouve-se uma série de tiros e depois Rakeyia filma Scott no chão, ferido, com os policiais em volta. Não é possível ver no vídeo o momento exato que Scott é atingido.

A mulher de Scott diz aos policiais: "é bom ele não estar morto" e pergunta se eles chamaram uma ambulância. Scott foi morto com um tiro pelo policial Brentley Vinson, também negro.

Justin Bamberg, advogado da família, disse ao jornal que o vídeo não prova que a polícia tinha ou não razão, mas sim oferece um novo ponto de vista sobre o caso. A polícia de Charlotte também tem um vídeo, que não foi divulgado, apesar de pedidos de ativistas e da família.

PROTESTOS

As manifestações após a morte de Scott, que começaram na terça, terminaram em confrontos com a polícia. Foram três noites de protestos.

Na noite de quarta-feira (21), Justin Carr, 26, levou um tiro na cabeça quando manifestantes enfrentavam a tropa de choque em frente a um hotel no centro da cidade. Ele morreu nesta quinta-feira (22). As autoridades dizem que o tiro não partiu de um policial.

Nesta quinta-feira, contudo, os protestos em Charlotte foram pacíficos. As autoridades impuseram um toque de recolher às 21h15 (hora local), suspenso às 6h. O toque de recolher deve se estender alguns dias na cidade, enquanto o estado de emergência declarado pelo governo estadual estiver em vigor.


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