Folha de S. Paulo


Hillary foi relapsa com e-mails quando era secretária de Estado, indica FBI

Hillary Clinton não pediu autorização para usar um servidor privado de e-mail quando era secretária de Estado (2009-2013) "como era sua obrigação", segundo um relatório do FBI (polícia federal americana) nesta sexta (2).

O documento de 58 páginas, que inclui entrevistas do FBI com Hillary e membros de sua equipe, dá mais detalhes sobre a controvérsia que tornou-se uma sombra na campanha da atual candidata democrata à Presidência.

Bryan Woolston/Reuters
A democrata Hillary Clinton discursa em evento de campanha em Cincinnati, em Ohio
A democrata Hillary Clinton discursa em evento de campanha em Cincinnati, em Ohio

Após um ano de investigação, o FBI, principal polícia federal dos EUA, concluiu em julho que não havia motivo para recomendar o indiciamento da ex-chanceler, mas a criticou por ter sido "extremamente descuidada" pelos e-mails relativos ao cargo.

Segundo o relatório, Hillary disse que "não se lembrava explicitamente de ter pedido permissão para usar um servidor ou e-mail privado", apesar de ter dito antes que a prática havia sido autorizada. Na versão dada ao FBI, ela disse que funcionários do Departamento de Estado estava a par de seu uso de um e-mail privado, já que se correspondiam com ela por ele.

Ao longo do interrogatório de três horas e meia, a candidata usou 39 vezes a frase "não lembro" para responder às perguntas dos agentes.

"Não me lembro de nenhuma palestra ou treinamento do governo sobre documentos federais ou como lidar com informação secreta", disse, alegando que delegava a assessores com conhecimento do tema a tarefa de enviar os e-mails de trabalho.

Hillary disse ainda que não estava familiarizada com o significado da letra C em um parágrafo, pensando se tratar de "ordem alfabética" -é o sinal "confidencial", nível mais baixo de sigilo em mensagens oficiais.

RELAPSA

O relatório sugere desleixo de Hillary com os aparelhos com que se comunicava.

O FBI identificou 13 aparelhos de celular Blackberry e cinco tablets usados por ela quando era secretária de Estado. Nenhum foi achado.

Segundo Huma Abedin, uma de suas principais assessoras, a chefe trocava de aparelho com frequência. Outro assessor disse ter visto a ex-chanceler destruir com um martelo alguns aparelhos.

Ao menos em duas ocasiões, arquivos de e-mails de Hillary foram perdidas no correio eletrônico. Uma com um tablet, outra com um pendrive que também tinha um arquivo de e-mails dela.

Por e-mail, Colin Powell alertou a Hillary que, se o uso de um Blackberry se tornasse público, as mensagens se tornariam documento oficial e "sujeitas à lei".

O documento do FBI revela ainda o esforço de um especialista em computação para apagar arquivos de e-mails da ex-secretária semanas depois que a existência do servidor privado veio a público, em março de 2015.

Para a campanha do rival republicano de Hillary na disputa presidencial, Donald Trump, o documento comprova que ela não é qualificada para ser a "comandante-em-chefe" dos EUA. "As notas do FBI reiteram seu tremendo mau julgamento e desonestidade", disse Jason Miller, porta-voz de Trump.

A campanha de Hillary minimizou. "Esse material mostra por que o Departamento de Justiça concluiu que não há base para o caso", disse seu porta-voz, Brian Fallon.


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