Folha de S. Paulo


Premiê do Iraque demite cúpula de segurança após ataque que matou 37

O primeiro-ministro do Iraque Haider al-Abadi demitiu nesta sexta-feira (8) oficiais da cúpula de segurança iraquiana, após uma série de ataques que incluem um atentado em um templo xiita nesta quinta (7), que deixou ao menos 37 mortos, e a explosão de um caminhão frigorífico neste domingo (3) em Bagdá, com pelo menos 186 mortos. Ambos os ataques foram reivindicados pela milícia terrorista Estado Islâmico (EI).

Segundo declaração emitida por seu escritório, Al-Abadi demitiu o comandante das Operações de Bagdá, além de outros oficiais de segurança e inteligência, que não foram identificados.

O primeiro-ministro também aceitou nesta sexta-feira a renúncia do ministro do Interior Mohammed Salem al-Ghabban, pouco após as demissões.

As dispensas acontecem no momento em que o primeiro-ministro enfrenta protestos pela explosão ocorrida no domingo, a mais mortal no país em mais de uma década.

Iraquianos culpam a liderança política por lapsos na segurança que permitem que ataques violentos ocorram mesmo em locais distantes da linha de frente da guerra contra o Estado Islâmico.

No domingo, o primeiro-ministro anunciou novas medidas de segurança no país, mas não se sabe se alguma delas já havia sido implementada.

"A demissão do comandante de Operações em Bagdá aconteceu devido ao acumulo de erros que não podem ser negligenciados", afirmou um alto oficial de segurança, que não quis se identificar.

"É uma decisão difícil e veio em um momento crítico, porque estamos engajados em uma dura batalha com o Daesh [nome dado ao EI], mas precisava acontecer por causa da falha catastrófica", disse.

ATAQUE

Na noite desta quinta, um homem-bomba explodiu próximo a policiais que guardavam a entrada do mausoléu de Sayid Mohammed bin Ali al-Hadi, na cidade de Balad, 80 km ao norte de Bagdá, a capital do Iraque.

Um segundo homem-bomba entrou no pátio do prédio com nove atiradores, que alvejaram policiais e civis reunidos dentro do templo para celebrar o Eid al-Fitr, feriado que marca o fim do mês sagrado do Ramadã. De acordo com a polícia, um terceiro homem-bomba foi morto antes de detonar seus explosivos.

Cerca de 37 pessoas morreram e 62 ficaram feridas, segundo policiais e funcionários de hospitais, que falaram em anonimato porque não estavam autorizados a dar informações à imprensa.

O EI teria reivindicado a autoria do ataque em um post na internet, em um site usado com frequência por extremistas.

O EI foi expulso da cidade de Fallujah em junho, após um domínio de mais de dois anos na região. Apesar de derrotas recentes, a facção terrorista ainda mantém territórios ao norte e oeste do Iraque, entre eles a cidade de Mossul, segunda maior do país.


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