Diante da proximidade do plebiscito sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, no próximo dia 23, representantes de governos europeus começaram a intensificar a pressão pela continuidade dos britânicos no bloco.
Nesta quarta-feira (15), o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, disse que a vitória do voto pela saída da UE poderia levar a uma "desintegração" de todo o bloco.
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Barcos decorados com bandeiras pela saída do Reino Unido da União Europeia navegam pelo rio Tâmisa |
"Um voto pela saída (...) não representaria apenas um bloco de 28 (membros) menos um. Ele exigiria esforços coordenados para assegurar que o bloco permaneça unido e que um esforço de integração bem-sucedido e de décadas não termine em desintegração", afirmou Steinmeier, durante coletiva com o colega francês, Jean-Marc Ayrault.
Segundo o ministro alemão, seu país e a França querem "que a maioria dos britânicos tome a decisão correta" e defendem que a Europa não volte ao nacionalismo "que colocava um Estado contra o outro". "A decisão correta do nosso ponto de vista só pode ser ficar na Europa", afirmou.
"[Os britânicos] sabem que votar pelo Brexit [como é chamada a saída do bloco] é, como dizia o presidente da Comissão Europeia [Jean-Claude Juncker], uma eleição que faria do Reino Unido um país à parte. Isto seria o que não desejamos", disse Ayrault.
Na última sexta (10), o premiê italiano, Matteo Renzi, disse que a saída britânica seria um "desastre" e afetaria todo o continente. "Seria um erro terrível para o Reino Unido e a Europa", afirmou.
França, Itália e a então Alemanha Ocidental foram fundadoras, na década de 50, com Holanda, Bélgica e Luxemburgo, da Comunidade Econômica Europeia (CEE) – que no início dos anos 90 deu lugar à União Europeia. O Reino Unido se juntou ao grupo em 1973, mas sempre resistiu a uma maior integração, nunca tendo integrado a zona do euro e o espaço Schengen.
VANTAGEM PELA SAÍDA
Uma pesquisa TNS divulgada na terça (14) mostrou os partidários da saída com uma pequena vantagem: 47% das intenções de voto contra 40% dos que defendem a permanência. Há 13% de indecisos.
Nesta quinta, a batalha por votos chegou ao rio Tâmisa, onde manifestantes pró-saída, em cerca de 20 pesqueiros, jogaram jatos d'água num barco de opositores pró-UE, que tentava bloquear sua passagem até o Parlamento.
Houve bate-boca entre o cantor Bob Geldof, defensor da permanência, e Nigel Farage, líder do Partido da Independência do Reino Unido.