Folha de S. Paulo


EI mata 20 em atentado suicida realizado em subúrbio de Damasco

Um atentado envolvendo dois terroristas suicidas e um carro-bomba num subúrbio de Damasco matou ao menos 20 pessoas neste sábado (11).

O Estado Islâmico reivindicou a autoria do ato terrorista, que se deu nas proximidades da mesquita de Sayeda Zeinab, principal centro religioso dos xiitas no país.

O governo sírio declarou que houve oito mortos, mas a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) estima que tenham sido ao menos 20, entre os quais 13 civis -as demais vítimas são membros de milícias a favor do regime de Bashar al-Assad.

O OSDH estima que o número suba, pois há muitos feridos em estado crítico.

AFP
TOPSHOT - EDITORS NOTE: Graphic content / Syrians check the site of a double bombing attack on June 11, 2016 outside the Sayyida Zeinab shrine, which is revered by Shiites around the world, some ten kilometres south of the centre of Damascus, in the latest in repeated deadly strikes on the revered site. The official SANA news agency said a suicide bomber and a car bomb struck at the entrance to the shrine. / AFP PHOTO / STRINGER
Sírios observam local de ataque ocorrido neste sábado na região da mesquita xiita de Sayeda Zeinab

O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, John Kirby, expressou a condenação dos EUA ao atentado. "Esse ato terrorista demonstra, mais uma vez, a desumanidade e brutalidade de tudo que o E.I. FAZ e que ele representa", disse Kirby.

Carros e lojas foram totalmente destruídos na região, que já sofreu três ataques similares reivindicados pelo EI no ano.

Segundo a agência de notícias Amaq, vinculada ao EI, dois de seus suicidas da milícia se explodiram e um carro-bomba foi detonado no atentado deste sábado.

Os xiitas (denominação que inclui 15% dos muçulmanos no mundo) apoiam Assad e são vistos como hereges pelos sunitas radicais do EI. Sayeda Zeinab recebe ainda militantes xiitas do Iraque e Afeganistão, que visitam o templo antes de partirem para o front.

A região próxima ao templo é também um reduto do grupo radical xiita libanês Hizbullah, que conta com o apoio do Irã, um dos principais aliados de Assad.

Milicianos não religiosos dizem que o apoio iraniano às tropas de Assad e a outras milícias xiitas agrava a dimensão sectária da guerra síria.

Por outro lado, forças sírias apoiadas pelos EUA têm feito avanços territoriais contra o EI. Neste sábado, disse o OSDH, as Forças Democráticas Sírias, que contam com árabes e curdos, chegaram a 17 km de al-Bab, bastião da facção no norte de país.

CERCO

Na última sexta (10) as FDS cercaram a cidade de Manbij, após uma semana de avanços na área, eliminando assim o principal eixo de abastecimento do EI entre Síria e Turquia.

As FDS procuravam reconquistar a cidade, localizada na província de Aleppo, desde 31 de maio, bloqueando as estradas que uniam Manbij a outras zonas controladas pela facção terrorista na Síria.

Para o representante dos EUA na coalizão internacional que combate o EI, Brett McGurk, Manbij, que está nas mãos da facção desde 2014, é uma plataforma da milícia para a Europa, palco de recentes atentados sangrentos por ela reivindicados.

O cerco a Manbij, porém, representa limitações extremas a dezenas de milhares de civis, segundo fontes locais citadas pelo OSDH – a ONG diz que os aviões da coalizão mantêm a cidade sob bombardeio.

Milhares de habitantes conseguiram escapar antes do sítio, mas, segundo Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH, desde sexta as padarias deixaram de funcionar, e os alimentos começaram a escassear.

Voluntários do Crescente Vermelho curdo têm atendido feridos pelas minas deixadas pelos radicais antes de fugir dos povoados tomados na rota do cerco.


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