Folha de S. Paulo


Bilionário, Trump pode ter problema de caixa em campanha contra Hillary

O bilionário que se vangloriava de não precisar de dinheiro alheio para financiar sua ambição presidencial mudou o discurso.

Diante da estimativa de que a conta chegue a até US$ 1 bilhão (R$ 3,49 bilhões) na eleição, em novembro, Donald Trump chamou um veterano de Wall Street para chefiar seu comitê de arrecadação, mas especialistas preveem uma missão árdua.

Lucas Jackson - 17.mai.2016/Reuters
O pré-candidato republicano Donald Trump concede entrevista à agência de notícias Reuters
O pré-candidato republicano Donald Trump concede entrevista à agência de notícias Reuters

Além de ser tarde para montar um esquema eficiente de captação, as divisões internas no Partido Republicano e o discurso de Trump contra as grandes contribuições são os maiores obstáculos para que o magnata faça frente à máquina de arrecadação de Hillary Clinton, sua provável rival democrata.

"Trump disse que os políticos que recebem grandes doações são vendidos. Se fizer o mesmo, ele pagará um preço político. Mas é melhor do que ficar sem dinheiro", disse à Folha Michael Malbin, diretor-executivo do Instituto de Financiamento de Campanha, em Washington.

A possibilidade de um candidato com uma fortuna declarada de US$ 10 bilhões (R$ 35 bilhões) sofrer com problemas de caixa pode parecer estranha, mas o patrimônio de Trump não significa dinheiro na mão.

Segundo levantamento do "Wall Street Journal", no início da corrida o virtual candidato republicano tinha no máximo US$ 232 milhões em ativos líquidos. Longe, por exemplo, do que custou a campanha de Barack Obama em 2012 (US$ 721 milhões).

Ex-sócio do banco Goldman Sachs, Steven Mnuchin foi o escolhido por Trump para comandar o esforço.

Ele tem usado seus contatos em Wall Street e o fato de pertencer a uma das famílias mais influentes de Nova York para tentar criar uma rede de financiamento e evitar que a campanha fique sem combustível na reta final.

Mnuchin não tem o perfil clássico de gerente financeiro de campanha e carece de experiência no corpo a corpo com os doadores republicanos, o que aumenta as dificuldades, diz Malbin.

Além disso, suas ligações com o partido rival podem afastar os mais conservadores. O histórico de doações de Mnuchin mostra que no passado ele foi igualmente generoso com republicanos e democratas, incluindo Hillary.

A resistência política ameaça travar a logística de arrecadação. Com seus ataques aos chamados "superpacs", comitês sem limites para contribuir, nenhum grupo quer canalizar as doações maiores, afirma o jornal "Washington Post". Entre elas, a do magnata dos cassinos Sheldon Adelson, que prometeu US$ 100 milhões.

As contradições de Trump pouco ajudam. Ao mesmo tempo em que tenta recuperar terreno, a campanha mantém o discurso. "O sr. Trump continua a repudiar todos os superpacs", disse ao "Post" um porta-voz de Trump.


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