Folha de S. Paulo


Egito condena três jornalistas à morte e adia sentença de presidente deposto

Khaled Desouki/AFP
Egypt's ousted Islamist president Mohamed Morsi, wearing a red uniform, gestures from behind the defendant's bars during his trial at the police academy in Cairo on May 7, 2016. An Egyptian court recommended death sentences for six codefendants of Mohamed Morsi but not for the ousted Islamist president in their trial on espionage charges. / AFP PHOTO / KHALED DESOUKI ORG XMIT: KLD1898
O ex-presidente Mohamed Mursi, mantido atrás das grades durante seu julgamento, no Cairo

A Justiça do Egito condenou à morte seis pessoas, incluindo três jornalistas, por colocar a segurança nacional em risco ao vazar documentos secretos para o Catar.

A sentença final está prevista para 18 de junho, pois o veredito precisa ser aprovado pelo Grande Mufti, a autoridade máxima do país.

O veredito sobre o ex-presidente Mohamed Mursi, processado pelo mesmo caso, foi adiado para a mesma data.

Os três jornalistas foram julgados sem estarem presentes. Dois deles, Alaa Omar Mohammed e Ibrahim Mohammed Hilal trabalham na TV Al-Jazeera, sediada no Catar. Eles podem recorrer da decisão.

"A Al Jazeera rejeita a alegação absurda de que eles estavam em colaboração com o governo eleito de Mohamed Mursi", disse um porta-voz da emissora.

Os outros condenados neste sábado são Asmaa al-Khateib, jornalista, Ahmed Afify, produtor de documentários, Mohammed Keilany, comissário de bordo da EgyptAir, e Ahmed Ismali, academico.

No ano passado, o presidente do Egito Abdel-Fattah el-Sisi perdoou outros dois jornalistas da Al Jazeera, que tinham sido condenados a três anos de prisão sob acusação de divulgar notícias falsas.

Ligado ao grupo Irmandade Muçulmana, Mursi foi derrubado do poder pelo Exército em 2013 após ser alvo de protestos nas ruas. A Irmandade Muçulmana foi considerada ilegal pelo governo que assumiu e vários de seus líderes estão presos.

Pessoas da Irmandande estavam entre os líderes dos protestos no Egito em 2011, que levaram à queda do ditador Hosni Mubarak e fizeram parte da chamada Primavera Árabe.

Mursi foi condenado em outros três casos, incluindo a pena de morte por uma fuga em massa de uma prisão durante os protestos de 2011 e prisão perpétua por espionagem e ligação com o Hamas.

O Catar apoiou Mursi, que segue preso enquanto aguarda o fim do processo judicial.

CONDENAÇÕES NA TURQUIA

Na sexta (6), dois jornalistas turcos foram condenados na Turquia a cinco anos de prisão por revelar segredos de Estado.

Um deles foi alvo de um ataque a tiros do lado de fora da corte, em Istambul, pouco antes do julgamento.

Alvo dos tiros, Can Dündar, editor-chefe do jornal de oposição "Cumhuriyet", foi sentenciado a cinco anos e dez meses.

Erdem Gül, chefe da sucursal de Ancara do jornal, foi condenado a cinco anos. Eles foram absolvidos de outras acusações, como espionagem e tentativa de derrubar o governo.

O caso, que se soma a outros embates entre o governo e a imprensa do país, atraiu críticas de internacionais e aumentou os temores relacionados à liberdade de imprensa na Turquia.

O tribunal de recurso ainda deverá se pronunciar antes da prisão de ambos. "Vamos continuar a fazer o nosso trabalho de jornalistas, apesar das tentativas de nos calarem", declarou Dündar após o veredito.


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