Folha de S. Paulo


Moderados têm maioria no segundo turno de eleição legislativa no Irã

Moderados e reformistas do Irã conquistaram a maior parte das 68 cadeiras em disputa no segundo turno das eleições legislativas no país, realizado nesta sexta-feira (29).

Resultados divulgados pela TV estatal apontam, no entanto, que moderados e reformistas, aliados do presidente Hasan Rowhani, não alcançaram a maioria no Legislativo, por apenas dois votos.

Com 37 vagas conquistadas nesta sexta (29), os aliados de Rowahi somam agora 143 vagas no Parlamento, de um total de 290.

Políticos da linha dura conseguiram 86 vagas, e os independentes ficaram com 61, informou a agência Associated Press.

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An Iranian man holds a girl as he casts his vote during a second round of parliamentary elections, in Shiraz, Iran April 29, 2016. Farsnews.com/Handout via REUTERS ATTENTION EDITORS - THIS IMAGE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY. REUTERS IS UNABLE TO INDEPENDENTLY VERIFY THE AUTHENTICITY, CONTENT, LOCATION OR DATE OF THIS IMAGE. EDITORIAL USE ONLY. NO RESALES. NO ARCHIVE. ORG XMIT: GAZ02
Iraniano segura sua filha ao votar no segundo turno das eleições legislativas, em Shiraz

Moderados e reformistas já haviam vencido, em fevereiro, o primeiro turno da primeira eleição celebrada no Irã após o acordo nuclear que pôs fim às sanções econômicas contra o país.

No pleito, os reformistas, favoráveis à expansão das liberdades individuais da população e ao estreitamento das relações com o Ocidente, conseguiram 85 cadeiras do Parlamento iraniano. Já os conservadores moderados, que romperam com os de linha-dura ao apoiar o acordo nuclear firmado pelo governo de Rowhani, conquistaram 73.

Os políticos linha-dura conquistaram apenas 68 assentos, uma queda significativa em relação à configuração passada, quando detinham 112. Muitos dos congressistas que não conseguiram se reeleger se opunham frontalmente ao acordo nuclear.

Reuters
Presidente do Irã, Hassan Rouhani, acena após votar nas eleições de sexta (26) em Teerã
Presidente do Irã, Hasan Rowhani, acena após votar nas eleições de fevereiro em Teerã

Os conservadores, contudo, continuarão dominando importantes órgãos do governo iraniano, incluindo o Judiciário, o Conselho dos Guardiões e vários braços das forças de segurança.

"Esse é um Parlamento que poderia trabalhar com Rowhani de forma um pouco mais efetiva e ser menos hostil que a formação anterior", diz Sanam Vakil, da organização Britain's Chatham House. "Eu não acho, contudo, que eles serão tão apoiadores se o presidente tentar passar qualquer reforma social ou cultural ou qualquer liberalização que desafie o conservadorismo nessas áreas."

Analistas dizem que o governo deve ganhar espaço para aprovar reformas econômicas e encerrar um muito aguardado contrato de petróleo que permita a companhias internacionais investir no país.

De qualquer forma, as sanções americanas ainda em vigor afastam muitas empresas e bancos estrangeiros.

O resultado das eleições legislativas ainda precisa ser conformado por um conselho de guardiões.

ASSEMBLEIA DE ESPECIALISTAS

Os moderados também conquistaram a maioria na Assembleia de Especialistas na votação do primeiro turno, em fevereiro. Com 88 cadeiras, o órgão tem por missão nomear um sucessor entre os seus membros para o cargo de líder supremo, caso o atual ocupante, aiatolá Ali Khamenei, que assumiu o cargo em 1989, morra.

O presidente Rowhani e o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, ambos considerados moderados, mantiveram seus assentos. No entanto, alguns políticos de linha-dura, como o aiatolá Ahmad Jannati, também foram reeleitos. Jannati é o líder do Conselho de Guardiões.

Por outro lado, perderam suas vagas o aiatolá Mohammad Yazdi, atual líder da assembleia, e Mohammad Taqi Mesbah Yazdi, considerado o líder espiritual de políticos de linha-dura.


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