Folha de S. Paulo


Sauditas querem provocar violência sectária com execução, diz Hizbullah

O líder do movimento radical xiita libanês Hizbullah, Hasan Nasrallah, acusou neste domingo (3) a Arábia Saudita de querer provocar a violência sectária com a execução do clérigo xiita Nimr al-Nimr, no último sábado (2).

Opositor à monarquia sunita Al Saud, que rege a Arábia Saudita, Nimr foi punido com a pena capital após ser acusado de insubordinação e ameaça à união nacional. Com ele, foram executados outros três religiosos xiitas.

"Hoje nós passamos por um acontecimento estarrecedor, um grande evento que a [monarquia] Al Saud lidou de forma leve, mas este não é um evento que pode ser considerado leve", afirmou Nasrallah, no canal Al Manar.

"O que [a monarquia] Al Saud quer é a violência entre xiitas e sunitas. São eles que a provocaram antes, e continuam a fazer isso em todas as partes do mundo."

Para o líder do movimento libanês, Nimr al-Nimr foi "um bravo mártir e um guerreiro sagrado" que morreu sem levar armas ou provocou um conflito armado e foi morto apenas por ser crítico à família que rege a Arábia Saudita.

O discurso de Nasrallah foi acompanhado por rajadas de tiros de militantes do Hizbullah em Beirute, em sinal de apoio a seu líder. Pouco antes, houve protesto em frente à embaixada saudita e à sede da ONU na capital libanesa.

Alguns dos manifestantes carregavam fotos do clérigo xiita executados e gritavam palavras de ordem como "Morte à Casa de Saud". Dentre os manifestantes, estava o ex-primeiro-ministro Nasser Kandil.

PROTESTOS

Os protestos contra a execução de Nimr al-Nimr se repetiram em diversas regiões de maioria xiita. Os mais intensos e violentos foram no Irã, onde parte da embaixada saudita foi incendiada na madrugada deste domingo (3).

Os manifestantes voltaram a tomar as ruas de Teerã durante a manhã e a tarde, mas policiais impediram a chegada do grupo às imediações da representação diplomática. O consulado em Mashhad também foi atacado.

Houve violência também nas manifestações no Bahrein. Policiais entraram em confronto com manifestantes xiitas na capital Manama e em Sitra. As autoridades do país já haviam afirmado que pretendiam reprimir os protestos.

O Bahrein recebeu ajuda saudita para encerrar uma revolta em 2011. As comunidades xiitas em Lahore, no Paquistão, em Srinagar, na Caxemira, e em Istambul, na Turquia, também fizeram manifestações.


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