Folha de S. Paulo


Ex-detento diz que oficiais do Reino Unido viram tortura em Guantánamo

2013/Associated Press
Shaker Aamer, que ficou 14 anos detido na baía americana de Guantánamo
Shaker Aamer, que ficou 14 anos detido na baía americana de Guantánamo

O último cidadão britânico detido na baía americana de Guantánamo disse a um jornal que agentes de segurança britânicos testemunharam sua tortura por soldados americanos na base aérea de Bagram, no Afeganistão.

Shaker Aamer, saudita casado com uma britânica, é considerado suspeito pelas autoridades americanas de atuar como militante islâmico associado à Al Qaeda, mas nunca foi acusado de qualquer crime. Ele foi liberado em outubro, após 14 anos de detenção em Guantánamo, e retornou ao Reino Unido.

Em entrevista ao jornal "Mail on Sunday" deste domingo (13), Aamer afirmou ter ficado em uma cela em Bagram, antes de sua transferência para Guantánamo, onde era privado de sono e espancado pelos interrogadores americanos.

"Eles estavam me acusando de lutar ao lado de Bin Laden na batalha de Tora Bora, de estar no comando de lojas de armas; de ser um recrutador terrorista, embora eu só tenha estado no Afeganistão por algumas semanas", disse ele.

"Um americano me agarrou pela cabeça e a bateu contra a parede. Na minha mente eu só tentava salvar a minha cabeça, quando tentei trazê-la para a frente, ele a agarrou novamente e a surrou."

Aamer disse que um oficial britânico, que ele acredita ter chegado à base em um avião com o então primeiro-ministro Tony Blair, estava presente durante o interrogatório e não interveio.

Uma porta-voz do governo britânico disse neste domingo que ele não participou ou tolera a tortura e que estava determinado a combatê-la "onde e quando ocorrer".


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