Folha de S. Paulo


Após abate de caça, Rússia restabelece exigência de visto para turcos

A Rússia restabelecerá a necessidade de visto para cidadãos turcos entrarem no país a partir do primeiro dia do ano que vem, pondo fim assim a um regime de isenção de vistos entre os países, anunciou nesta sexta-feira (27) o ministro das Relaçõs Exteriores do país, Sergei Lavrrov, durante entrevista ao lado de seu homólogo sírio, Wallid al-Moualen, em Moscou.

Como justificativa para a medida, Lavrov afirmou que a Turquia se tornou um canal para terroristas e que é relutante em dividir informações com Moscou sobre russos acusados de envolvimento com terrorismo.

Dai Tianfang - 27.set.2015/Xinhua
(151127) -- MOSCU, noviembre 27, 2015 (Xinhua) -- El ministro de Relaciones Exteriores de Rusia, Sergei Lavrov (d), y su homólogo de Siria, Walid Al-Moualem (i), asisten a una conferencia de prensa, en Moscú, Rusia, el 27 de noviembre de 2015. Rusia suspendió el régimen sin visados con Turquía después del derribo del avión Su-24. (Xinhua/Dai Tianfang) (jg) (fnc)
O chanceler russo, Sergei Lavrov (à direita) com seu homólogo sírio, Walid al-Moualem, em Moscou

A decisão vem em meio a uma escalada de tensão entre as duas nações depois que a Turquia abateu um caça russo que bombardeava rebeldes na Síria, alegando que a aeronave invadiu o seu espaço aéreo –o que a Rússia nega.

O episódio causou uma reação pesada da Rússia, que desde então restringiu viagens ao país -destino frequente para turistas russos–, deixou caminhões turcos presos em suas fronteiras e começou a preparar sanções econômicas. O governo russo deu a entender que um pacote de medidas neste sentido deve ser anunciado neste sábado (28).

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, se recusou a pedir desculpas pelo abate, afirmando que a aeronave havia voad por 17 segundos sobre território turco. Entretanto, Erdogan disse que tentou, em vão, entrar em contato com Putin por telefone para discutir a situação e afirmou que espera poder conversar com o mandatário russo durante o COP-21, que acontece em Paris no mês que vem.

Os dois países têm interesses díspares na guerra civil da Síria. Enquanto a Turquia faz parte da coalizão internacional que fornece armas e treinamentos a rebeldes que combatem as tropas do ditador Bashar al-Assad -quem os turcos querem fora do poder– a Rússia ataca estes grupos, visando a permanência de Assad, maior aliado de Moscou na região. Os dois países, entretanto, também atacam o Estado Islâmico –embora haja críticas sobre a relação dos turcos com a facção terrorista.

Arte: Derrubada do avião russo


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