Folha de S. Paulo


No G20, Obama cobra 'eliminar' Estado Islâmico

Lefteris Pitarakis/Associated Press
President Barack Obama leaves after posing for a family photo at the G-20 summit in Antalya, Turkey, Sunday, Nov. 15, 2015. U.S. President Barack Obama pledged Sunday to redouble U.S. efforts to eliminate the Islamic State group and end the Syrian civil war that has fueled its rise, denouncing the extremist group's horrifying terror spree in Paris as
Barack Obama afirmou na cúpula do G20, em Antalya, na Turquia, que é preciso 'eliminar' o EI

O presidente Barack Obama, mal chegou a Antalya (Turquia), para participar da cúpula do G20, e já cobrou "redobrar" os esforços internacionais para "eliminar o Daesh [acrônimo árabe para Estado Islâmico] como uma força que pode criar tanta dor e sofrimento para as pessoas em Paris, em Ancara e em outras partes do globo".

A declaração de Obama, feita após encontro com o anfitrião, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, segue a tônica de praticamente todos os pronunciamentos dos líderes globais sobre terrorismo.

A brasileira Dilma Rousseff, por exemplo, defendeu, no almoço de trabalho deste domingo (15), "a urgência e importância da ação conjunta de toda a comunidade internacional no combate sem tréguas ao terrorismo".

Declarações desse teor não vêm acompanhadas, no entanto, do anúncio de novas iniciativas para "o combate sem tréguas ao terrorismo".

Na véspera, aliás, Erdogan havia dito, ainda sob o impacto dos atentados de Paris, que "se acabara o tempo das palavras".

Não foi o que se viu neste domingo. A única iniciativa concreta foi lembrada por Obama: os esforços também devem se dirigir a buscar "uma transição pacífica" na Síria —tema que foi praticamente acertado na véspera em reunião em Viena entre os chanceleres dos diversos países envolvidos no conflito.

Obama também defendeu o trabalho que vem sendo feito para fortalecer a fronteira entre a Síria e Turquia, "que permite a operação do Daesh" (os simpatizantes ocidentais do grupo terrorista passam primeiro pela Turquia, antes de chegar à Síria).

Declarações como as de Obama e Erdogan mostram claramente que a cúpula do G20, grupo dedicado prioritariamente a temas econômicas, foi sequestrada pela questão do terrorismo.

Mas, junto com ela, veio a dos refugiados, a partir do instante em que surgiu a informação de que pelo menos um dos terroristas que atacaram Paris entrou na Europa como refugiado (pela Grécia).

Como era previsível, o fato deu força às vozes que pregam restringir o acesso de refugiados, especialmente se são muçulmanos.

Reagiu imediatamente o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que também participa da cúpula de Antalya:

"Não devemos misturar as diferentes categorias de pessoas que estão indo para a Europa", disse Junker, para deixar claro que não é correto confundir refugiados com terroristas. Antes, Jacob Zuma, presidente sul-africano, fizera ponderação igual, em cúpula dos Brics.

São apelos que não ecoam em países do Leste europeu: Konrad Szymanski, novo ministro para a Europa da Polônia, disse não ver "possibilidades políticas" de implementar o acordo aceito pelo governo anterior no sentido de abrigar certo número de refugiados.

Robert Fico, primeiro-ministro eslovaco, foi mais direto ainda: "Vínhamos dizendo que há enormes riscos de segurança vinculados à imigração. Espero que algumas pessoas abram agora seus olhos [depois do que houve em Paris]".

O esboço do comunicado final do G20, no entanto, mantém o apelo para que "todos os países contribuam para responder à esta crise e dividam o peso das cargas a ela associadas".


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