Forças de segurança do Afeganistão realizaram disparos de advertência nesta quarta-feira (11) perto do palácio presidencial em Cabul, onde milhares de pessoas manifestavam contra a violência dirigida à minoria xiita hazara, segundo informações da polícia.
"Houve disparos de advertência para o ar. Os manifestantes estão se dispersando, e ninguém ficou ferido", informou Sayed Gul Agha Rohani, chefe-adjunto da polícia em Cabul.
Aproximadamente 10 mil pessoas realizavam protestos em Cabul para pedir o fim da violência contra os hazaras depois que sete integrantes da etnia foram decapitados na semana passada no sudeste do país.
Aos gritos de "vingança!" e "respeito!", os manifestantes, muitos deles hazaras, se dirigiram para o palácio presidencial levando os caixões das sete vítimas e tentaram invadir o local.
Os guardas abriram fogo quando alguns manifestantes tentaram escalar os muros para entrar no complexo do palácio.
O vice-porta-voz do presidente Ashraf Ghani disse que ao menos dez pessoas ficaram feridas com os disparos.
Pouco após o início dos protestos, Ghani apareceu em rede de TV pedindo calma à população e prometendo que as mortes serão investigadas
"A dor da nação é a minha dor. Como vocês, eu não sossegarei até que os culpados por esses crimes sejam levados à Justiça. Nós vingaremos o sangue derramado de nossos irmãos e irmãs", afirmou, acrescentando que inimigos do Afeganistão estão tentando provocar desunião e divisão étnica e sectária ao país.
Após os disparos, vários manifestantes se dispersaram, mas cerca de mil puderam entrar no complexo presidencial.
Na tarde desta quarta-feira, cerca de 30 deles iriam se encontrar com o presidente e com membro do Conselho Nacional de Segurança.
O Taleban e a milícia radical Estado Islâmico são acusados pela população como autores da decapitação de quatro homens, duas mulheres e uma criança.
Os corpos foram descobertos no domingo pelas autoridades na província de Zabul, onde ocorreram combates entre os dois grupos jihadistas rivais.
Os hazaras, em sua maioria xiitas, habitam o Afeganistão desde o século 13 e representam 10% da população afegã. São constantemente vítimas da perseguição de muçulmanos sunitas.
Entre 1996 e 2001, foram perseguidos pelos talebans sunitas quando estes dirigiam o país.
Segundo os hazaras, as autoridades afegãs não protegem suficientemente a comunidade.
Na terça-feira (10), os serviços de inteligência do Afeganistão anunciaram a libertação de oito reféns hazaras na província de Ghazni, no centro do país, pouco depois de o presidente Ashraf Ghani assegurar que as tropas do país farão o possível para encontrar os assassinos dos hazaras decapitados.