Folha de S. Paulo


Cia. aérea russa rejeita hipótese de que falha técnica causou acidente no Egito

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Representantes da companhia aérea russa MetroJet rejeitaram, em uma coletiva de imprensa nesta segunda (2), a hipótese de que uma falha técnica tenha causado o acidente em que 224 pessoas morreram no Egito.

Segundo um dos vice-diretores da empresa, Alexander Smirnov, a queda só pode ter sido causada por "um impacto mecânico" externo. "O avião estava em perfeitas condições. Nós descartamos falhas técnicas ou erros da tripulação."

Outro representante da MetroJet, Viktor Yung, também disse que nenhuma ligação de emergência foi feita pela tripulação ao controle de tráfego aéreo antes da queda, contrariando a versão do governo egípcio de que o piloto teria informado problemas técnicos e solicitado um pouso de emergência.

Para o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov, ainda não foram recolhidas informações suficientes para descartar qualquer hipótese. "A investigação só está começando. Temos que esperar ao menos os primeiros resultados."

Mesma opinião tem o diretor de Aviação Civil russo, Alexander Neradko, que considera ser possível fazer qualquer conclusão sobre o acidente depois da análise das caixas-pretas e os fragmentos da fuselagem.

Também James Clapper, diretor da CIA, disse que os EUA não encontraram nenhuma evidência de que o acidente tenha sido causado por um ataque terrorista. No entanto, afirmou, a hipótese não foi descartada.

A agência de notícias Reuters informa que um integrante da investigação descarta que um agente externo, como um míssil ou uma tempestade, tenha provocado a queda. Ele, no entanto, não dá detalhes de como chegou a esta conclusão.

Apesar disso, Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido recomendaram às companhias aéreas que evitem o aeroporto de Sharm el-Sheik e voos na península do Sinai em altitudes abaixo dos 26 mil pés, alegando perigo pela presença de extremistas. Em resposta, o órgão de aviação civil do Egito disse que todas as medidas necessárias para salvaguardar o espaço aéreo na região já foram tomadas.

No domingo (1º), foi revelado que o Airbus A321 despedaçou-se durante o voo, em elevada altitude, espalhando destroços sobre uma região de cerca de 20 quilômetros quadrados.

A desintegração de um avião, em altitude de cruzeiro, é rara se não for associada a algum outro evento –explosão, por exemplo. As caixas pretas de dados e de voz, que podem indicar as causas do acidente, ainda estão sendo analisadas.

Outro ponto que é levado em consideração é o rompimento de uma fissura na cauda do avião. Em 2001, a parte de trás da aeronave bateu na pista do aeroporto do Cairo, no Egito, quando ainda era operado pela companhia Middle East Airlines.

Acidente de avião do Egito

REPATRIAÇÃO DOS CORPOS

Os restos mortais de parte das vítimas do acidente aéreo da MetroJet chegaram nesta madrugada a São Petersburgo, na Rússia, onde serão identificados por uma equipe forense.

Segundo a agência Tass, ao menos 144 corpos, de um total de 224 vítimas, foram repatriados.

O governo russo enviou ao Egito cerca de cem especialistas em situações de emergência e em aviação para análise do local do acidente. Também a França e a Alemanha colaboram com autoridades egípcias nas investigações.

A aeronave, um Airbus A321 operado pela companhia Kogalymavia (conhecida como MetroJet) voava de um resort na cidade de Sharm el-Sheikh, próxima ao mar Vermelho, para São Petersburgo, quando caiu em uma área montanhosa da península de Sinai, ao sul da cidade de Alarixe.

O avião decolou às 5h51 no horário do Cairo (1h51 no horário de Brasília), com boa condição climática, e sumiu dos radares após 23 minutos, quando voava a 9.400 metros de altura.

Por motivo de segurança, as companhias europeias Air France e Lufthansa desviaram temporariamente todos os voos que sobrevoam a península do Sinai. Apenas as aeronaves que vão para cidades da região deverão passar por lá.


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