Folha de S. Paulo


EUA convidarão Irã para participar de negociações sobre futuro da Síria

Em uma mudança na estratégia dos EUA e de seus aliados para pôr fim à guerra civil na Síria e facilitar a retirada do ditador Bashar al-Assad do poder, o Irã será convidado pelos EUA para participar, pela primeira vez, das negociações internacionais sobre o futuro da Síria.

Segundo autoridades dos EUA, o Irã ainda não respondeu à oferta.

As autoridades norte-americanas não estavam autorizadas a falar publicamente sobre o assunto e pediram anonimato.

O porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby, disse que conversações sobre o encontro em Viena ainda estavam sendo finalizadas, mas "nós antecipamos que o Irã será convidado a participar desta próxima reunião".

Carlo Allegri - 24.ago.2015/Reuters
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry (dir.), e seu porta-voz, John Kirby, no aeroporto de Amã (Jordânia)
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry (dir.), e seu porta-voz, John Kirby, no aeroporto de Amã (Jordânia)

Em Riad, a agência Saudi Press relatou que o presidente Barack Obama telefonou ao rei Salman nesta terça-feira (27) para discutir as relações bilaterais e a situação da região.

A próxima rodada diplomática de negociações começa na quinta-feira (29), em Viena (Áustria). Participarão do encontro o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, o chanceler russo, Sergei Lavrov e vários diplomatas europeus e árabes de alto escalão.

Washington vinha impedindo a participação do Irã nas discussões, mas, após dias de negociações nos bastidores, principalmente com a Arábia Saudita, inimiga do Irã, está oferecendo um assento a Teerã nas conversas.

Com o convite, os EUA fazem uma aposta.

O Irã apoiou o governo Assad em todo o conflito, lutando ao lado dos militares sírios, e é visto pelos rebeldes apoiados pelo Ocidente e pelos parceiros dos EUA na região como grande responsável pelo derramamento de sangue.

A oposição síria pode porém recusar a inclusão do Irã nas discussões sobre como será o país na era pós-Assad.

Por outro lado, todos os esforços de mediação internacionais para encerrar o conflito não deram resultado, e Kerry está tentando unir todos os lados que têm influência no país árabe em busca de uma Síria pacífica, secular e pluralista.


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