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Rússia pede investigação internacional sobre derrubada de avião na Ucrânia

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A Rússia pediu nesta quarta-feira (14) à Organização da Aviação Civil Internacional (Icao) que reabra investigação sobre a derrubada do Boeing-777 da Malaysia Airlines no leste da Ucrânia, em julho do ano passado.

Moscou discorda das conclusões do órgão de investigação de acidentes aéreos da Holanda. Em relatório divulgado nesta terça (13), o país europeu afirma que a aeronave foi derrubada por um míssil soviético Buk.

O foguete é usado oficialmente tanto pela Ucrânia quanto pela Rússia e está entre as armas dos separatistas pró-Moscou. O relatório não aponta o autor do disparo, mas afirma que o míssil saiu da área controlada pelos insurgentes.

A investigação traz mais força à versão da Ucrânia, da União Europeia e dos Estados Unidos de que a aeronave foi abatida pelos separatistas. Rússia e os insurgentes acusam o governo ucraniano da queda do avião.

O vice-chefe da Agência de Aviação da Rússia, Oleg Storchevoi, afirmou que pediu a intervenção da Icao na investigação por considerar que as provas apresentadas são falsas e acusou a Holanda de esconder dados importantes de Moscou.

"Ele está totalmente errado, a falta de lógica é sem comparação. Tenho a impressão de que eles não tinham a intenção de estabelecer as verdadeiras razões da catástrofe, mas colher as provas que se encaixavam em sua teoria."

Ele questionou a autenticidade dos fragmentos e peças de míssil que teriam sido achadas pelos peritos holandeses nos escombros do Boeing-777. Também disse ter oferecido documentos aos investigadores que não foram aceitos.

Por fim, Storchevoi reiterou a tese russa de que o governo ucraniano tem culpa pelo acidente por não fechar seu espaço aéreo devido ao conflito. As autoridades russas ainda não sabem o que provocou a derrubada da aeronave.

RELATÓRIO

Segundo as autoridades holandesas, o míssil Buk usado era do modelo 9N314M, fabricado pela extinta União Soviética antes de sua dissolução, em 1991. O foguete teria atingido o avião, que fazia o voo MH17 entre Amsterdã e Kuala Lumpur e levava 298 pessoas a bordo.

Em resposta, o consórcio russo de defesa antiaérea Almaz-Antei, fabricante de mísseis Buk, afirmou que o míssil que derrubou o Boeing da Malaysia Airlines foi lançado de uma área controlada pelas forças ucranianas.

"Podemos dizer, sem nenhuma dúvida, que, se o Boeing foi abatido por um sistema antiaéreo Buk, foi atingido por um míssil 9M38 lançado da cidade de Zaroschenkoye, controlada pelas forças da Ucrânia", disse Mikhail Malishevski, funcionário da Almaz-Antei.

Esta conclusão baseia-se nos resultados de um exercício de simulação real, que levou a Almaz-Antei a garantir que, baseado na trajetória do míssil, ele foi disparado de uma área controlada pelas forças do governo ucraniano.

Além disso, a empresa relatou que o último míssil 9M38 Buk foi fabricado pela URSS em 1986, e que a sua expectativa de vida era de 25 anos. Desse modo, ele só poderia ser usado até 2011, três anos antes do acidente.


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