Folha de S. Paulo


China diz que líder tibetano sumido há 20 anos "leva vida normal"

O panchen lama, segundo líder espiritual mais importante para os tibetanos, "leva uma vida normal", afirmou o governo chinês neste domingo, em uma incomum declaração.

Gedhun Choekyi Nyima foi colocado sob custódia pelas autoridades chinesas junto com sua família quando tinha apenas seis anos, logo depois de ser identificado pelo Dalai Lama como o 11º panchen lama. Seu paradeiro nos últimos 20 anos continua desconhecido.

"A criança reincarnada panchen lama pela qual vocês perguntam está sendo educada, leva uma vida normal, cresce de forma saudável e não quer ser incomodada", disse a jornalistas Norbu Dunzhub, membro do Departamento da Frente de Trabalho Unida da Região Autônoma do Tibete, órgão do governo chinês, durante a apresentação de um relatório sobre o Tibete.

Norbu criticou Dalai Lama por nomear Gedhun como a reencarnação do panchen lama, dizendo que a escolha "ignorou costumes históricos e destruiu rituais religiosos". "A identificação do panchen lama é ilegal e inválida", disse Norbu, que não deu mais detalhes sobre o paradeiro do jovem.

O governo chinês afirmou desde o princípio que Gedhun não era o panchen lama real. Em 1995, Pequim escolheu Gyaltsen Norbu para o posto, mas não obteve apoio dos tibetanos.

Pequim e o Dalai Lama disputam o direito de indicar quem é a reencarnação do líder máximo budista tibetano. Em recentes declarações, o atual Dalai Lama disse que não pode ser reencarnado, o que terminaria a linhagem deste século. Mas os planos de Pequim são escolher um sucessor mais amigável em relação à China após a sua morte.

"Não importa o que o Dalai Lama diga ou faça, os direitos do governo central sobre a reincarnação não podem ser negados", completou Norbu.

A China considera o Tibete parte inseparável de seu território, e os tibetanos argumentam que a região foi durante décadas independente na prática, até ser ocupada pelas tropas comunistas em 1951.


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