Folha de S. Paulo


Ilha grega mistura refugiados e turistas

Yannis Kolesidis/Efe
YA3 ATENAS (GRECIA), 20/08/2015.- Bañistas observan a un grupo de inmigrantes paquistaníes mientras reman a bordo de una lancha antes de desembarcar en la costa de la Isla de Kos, Grecia, hoy, 20 de agosto de 2015. Casi 2.000 refugiados sirios que fueron llevados hoy en ferri desde la isla griega de Kos hacia el puerto de Salónica, en el norte del país, serán trasladados en autobuses hasta la frontera entre Grecia y Macedonia. Según datos publicados ayer por el Alto Comisionado de Naciones Unidas para los Refugiados (ACNUR), en lo que va de año han llegado a Grecia 160.000 inmigrantes y refugiados. EFE/Yannis Kolesidis ORG XMIT: YA3
Na ilha grega de Kos, no mar Egeu, turistas observam imigrantes em um bote

Com a força das ondas, um bote furado bate insistentemente nas rochas em frente a um hotel quatro estrelas onde hóspedes tomam café da manhã, de frente para o mar Egeu e para a cidade de Brodum, na Turquia.

De lá, a pequena embarcação saiu de madrugada, levando 20 pessoas que, como outros cerca de 30 mil, entraram este ano de forma ilegal na ilha grega de Kos. É praticamente a população da ilha.

Com agitada vida noturna, resorts e apelo histórico e cultural, Kos é hoje o terceiro destino turístico na Grécia e epicentro da atual crise de refugiados da Europa.

"Não imaginava um lugar cheio de turistas. É um pouco surreal", afirmou a matemática síria Dooa Alloush, 25, que pagou ¬ 1.000 (cerca de R$ 4.000) na travessia de apenas 4 km entre Bodrum e Kos.

"Foi a experiência mais assustadora da minha vida", contou a jovem, que disse ter escapado de seis bombardeios no bairro onde morava, em Damasco, onde deixou os pais e irmãos.

LADO A LADO

Turistas alemães, ingleses, holandeses e turcos que visitam Kos caminham lado a lado com sírios, paquistaneses, iranianos e iraquianos, que ainda retorcem as roupas encharcadas na travessia.

Sobretudo porque a zona do porto de Kos é também o centro turístico da ilha.

Estão lá discotecas, restaurantes, lojas e monumentos como a Árvore de Hipócrates, onde acredita-se que o grego considerado o pai da medicina ensinava a ciência.

Os refugiados agrupam-se naturalmente. Ao redor da Árvore de Hipócrates concentram-se os sírios. Os paquistaneses ficam em uma pequena praia do centro.

"É um caso único no mundo. Aqui estão misturadas muitas culturas e situações diferentes. E isso pode ser explosivo em um caso extremo como este, em que os refugiados nem sequer têm banheiros químicos e passam o dia vendo europeus de férias", disse à reportagem Roberto Mignone, o chefe da missão da ONU na ilha.

Até o início da tarde de quinta (27), no entanto, a polícia não havia registrado nenhum episódio de violência ou queixa de turistas, que têm oferecido roupas, lanches ou apenas uma conversa.

"Dói ver crianças nessa situação enquanto passo o dia na praia", diz a bibliotecária britânica Linda Mars, 65.

"São pessoas exatamente como você, mas postas em uma situação extrema", disse o holandês Robert Linsten.


Endereço da página: