Folha de S. Paulo


EUA são aposta do Brasil para melhor desempenho no comércio exterior

Segundo maior parceiro comercial do país, os Estados Unidos despontaram este ano como principal aposta para melhorar o desempenho do comércio exterior brasileiro.

O Brasil sofre há quatro anos com quedas consecutivas nas exportações. O peso dos Estados Unidos nas vendas, contudo, vem crescendo e, este ano, alcançou o maior patamar desde 2008. No primeiro semestre, quase 13% dos embarques tiveram como destino o mercado norte-americano.

A quantidade de vendas chama a atenção num momento em que diversos países fecham as portas para os produtos brasileiros.

No grupo dos cinco maiores mercados para o país, houve perda de participação em quatro em 2014.

A fatia ocupada pelas mercadorias brasileiras caiu na União Europeia, na China, na Argentina e no Japão. Somente nos Estados Unidos houve crescimento.

Editoria de Arte/Folhapress
CHEGADAS E PARTIDASExportações brasileiras para os EUA cresce, mas saldo ainda favorece os americanos
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O interesse do governo e do setor privado nacional em estreitar os laços com os americanos é impulsionado também pela qualidade do que é embarcado para lá.

Mais da metade do que os americanos compram é manufaturado, mercadoria de maior valor agregado.

Trata-se de uma diferença grande frente ao perfil das vendas para a China, o principal parceiro comercial.

Os chineses compram grandes volumes de commodities, como soja e minério de ferro. Os manufaturados representam menos de 5% dos pedidos.

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CHEGADAS E PARTIDASExportações brasileiras para os EUA cresce, mas saldo ainda favorece os americanos
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Manter o apetite dos americanos pelos manufaturados brasileiros tornou-se ainda mais estratégico no ano passado, quando as vendas para a Argentina despencaram.

O país vizinho, que vive uma profunda crise econômica, costumava ser o maior comprador desses bens. Em 2014, porém, cortou em 30% os pedidos de manufaturados. Ao mesmo tempo, os americanos aumentaram as encomendas em 4%.

ACORDOS

Para garantir que o fluxo siga em alta, o governo assinou em março um memorando de facilitação de comércio com os Estados Unidos.

Segundo o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), que comandou as negociações, a ideia é identificar os setores que mais se beneficiaram das medidas e reduzir a burocracia para as exportação de produtos.

Um acordo de padronização de normas técnicas entre os dois países também está sendo costurado. Um memorando foi firmado esta semana durante visita oficial da presidente Dilma ao país.

Para o ministro Armando Monteiro (Mdic), as medidas fazem parte da agenda possível neste momento e trarão resultados práticos, enquanto um acordo de livre comércio entre os dois países não entra na pauta de discussões.

A indústria brasileira, no entanto, tem pressa. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) defende o lançamento da "pré-negociação" de um acordo comercial já no segundo semestre deste ano.


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