Folha de S. Paulo


Governadora da Carolina do Sul defende retirada de bandeira escravagista

A governadora da Carolina do Sul defendeu nesta segunda (22) que a bandeira da Confederação sulista, símbolo do período escravagista americano utilizado por movimentos racistas, seja removida das imediações do Parlamento estadual.

Nikki Haley, eleita em 2010, é membro do movimento ultraconservador republicano Tea Party.

Jason Miczek/Reuters
Bandeira da Confederação sulista em frente ao Parlamento estadual da Carolina do Sul
Bandeira da Confederação sulista em frente ao Parlamento estadual da Carolina do Sul

Segundo ela, o principal suspeito do massacre a uma igreja da comunidade negra em Charleston, Dylann Roof, tinha uma visão doentia e deturpada dessa bandeira. Haley disse que, embora muitos considerem a flâmula uma herança histórica, "para muitos outros da Carolina do Sul ela é um símbolo extremamente ofensivo de um passado racista brutal".

Mais cedo, o prefeito de Charleston, o democrata Joseph P. Riley, fez o mesmo pedido. "Chegou a hora de a bandeira da batalha da Confederação ser retirada da frente do Parlamento e entrar para a história."

No sábado, centenas de pessoas tomaram as ruas de Charleston e de Columbia, capital do Estado, pressionando pela retirada da bandeira das imediações do Parlamento estadual.

Há 15 anos, uma manifestação com 46 mil pessoas conseguiu retirar o símbolo de dentro do Parlamento. A bandeira, então, foi levada ao jardim do edifício, em um monumento em homenagem às vítimas da Confederação sulista na Guerra Civil Americana (1861-1865).

Apesar dos apelos das autoridades, a retirada precisa da aprovação de 2/3 do Legislativo estadual, segundo uma lei de 2000.

A flâmula adornava a placa do carro de Roof. No sábado, foram divulgadas fotos do jovem com ela em um site chamado thelastrhodesian [o último rodésio], referência à república africana da Rodésia (atual Zimbábue), onde existiu um regime segregacionista.

DIVISÃO

A polêmica em torno da questão divide democratas e republicanos há anos.

Em 2007, Hillary Clinton defendeu que a bandeira deveria ser abolida. "Penso nos muitos cidadãos da Carolina do Sul que serviram e que hoje servem ao Exército sob nossa bandeira. Eu acredito que deveríamos ter uma bandeira à qual todos honramos", disse, segundo a Fox News. "Pessoalmente, defendo que a bandeira da Confederação sulista seja retirada do Parlamento estadual."

Já os republicanos mantém uma atitude cautelosa e defendem que a permanência ou retirada da bandeira do Parlamento estadual deve partir de uma decisão do Estado, não do governo federal.

O único líder republicano de influência nacional a condenar o símbolo sulista foi Mitt Romney, que concorreu à Presidência americana em 2012 contra o presidente Barack Obama. "Retirem a bandeira confederada do Parlamento da Carolina do Sul. Para muitos, ela é um símbolo de ódio racial. Retirem-na em respeito às vítimas de Charleston", escreveu na rede social Twitter.


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