Folha de S. Paulo


Capitão de barco que naufragou com 700 imigrantes é detido

Promotores disseram ter detido o capitão tunisiano e um sírio que integrava a tripulação do barco que naufragou com 700 pessoas a bordo no mar Mediterrâneo no fim de semana.

Segundo o promotor Rocco Liguori, os dois homens foram indiciados por colaborar com a imigração ilegal. O capitão também foi acusado de homicídio múltiplo por imprudência relacionado ao naufrágio.

Os dois foram detidos dentro do barco que levou os 28 sobreviventes resgatados até a Sicília.

Estimativas iniciais apontam que havia 700 pessoas a bordo do barco que partiu da Líbia, mas um sobrevivente de Bangladesh chegou a mencionar 950, número considerado alto pelas autoridades.

Dificilmente se saberá a quantidade exata porque não há controle sobre quantos partiram da África nem quantos caíram no mar profundo durante a travessia.

Pelo menos 20 navios foram deslocados para o resgate, a 70 milhas náuticas da Líbia.

A maioria dos passageiros do barco que afundou no sábado à noite era da África subsaariana, de países como Eritreia, Somália e Sudão.

MEDIDAS EMERGENCIAIS

Após o acidente -um dos mais mortais já registrados no Mediterrâneo–, líderes europeus anunciaram nesta segunda-feira (20) um pacote de medidas emergenciais para conter o fluxo de imigrantes clandestinos.

A principal é a autorização para apreender e eventualmente destruir embarcações utilizadas para fazer o trajeto entre África e Europa.

O governo italiano considera a situação "fora de controle" e "dramática". Segundo a Acnur (agência da ONU para refugiados), 13,5 mil pessoas foram resgatadas entre 10 e 17 de abril -mil teriam morrido no mês.

Neste ano, 31,5 mil já tentaram a travessia. Em 2014, foram 218 mil, mais de quatro vezes o total de 2013. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que essa rota hoje é a "mais mortal do mundo" usada por imigrantes.

Uma das medidas europeias é o fortalecimento da operação Triton, lançada ao mar em novembro com apoio de 20 países europeus e que substituiu a Mare Nostrum, chefiada pelas autoridades italianas e de maior abrangência. Líderes europeus devem se reunir na quinta (23) para tratar do assunto.


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