Folha de S. Paulo


Al Qaeda assume controle de cidade portuária no Iêmen

A rede terrorista Al Qaeda assumiu o controle de um aeroporto, um porto e um terminal de petróleo no sul do Iêmen nesta quinta-feira (16), aumentando o caos no país em meio à luta entre rebeldes xiitas e forças leais ao presidente exilado Abd Rabbo Mansour Hadi, auxiliadas por bombardeios da Arábia Saudita.

Moradores da região e militares disseram à agência Associated Press que houve conflito entre combatentes da Al Qaeda e uma das maiores brigadas do Iêmen nos arredores de Mukalla, capital da maior província do Iêmen, Hadramawt.

Em seguida, os terroristas ocuparam o aeroporto de Riyan e o principal porto da cidade, que é também um terminal petroleiro, enquanto os líderes da brigada encarregada de proteger a região fugiram.

O mais recente avanço marca um grande ganho para a Al Qaeda na Península Arábica, como a filial iemenita é conhecida. Esse braço da rede terrorista tem sido associado a vários ataques fracassados contra os EUA e é amplamente visto como a franquia mais perigosa da Al Qaeda.

A preocupação com a instabilidade das instituições do país e com a expansão da rede terrorista fez com que os americanos apoiassem a campanha aérea dos sauditas, seus principais aliados na região.

Os terroristas têm se aproveitado do caos no Iêmen, onde os insurgentes da milícia xiita houthi, junto com militares leais ao ex-ditador Ali Abdullah Saleh, capturaram a capital, Sanaa, em setembro e foram avançando, apesar de três semanas de bombardeios.

Adversários ferrenhos da Al Qaeda, os houthis estão envolvidos em batalhas ferozes com as forças pró-Hadi, que fugiu para a Arábia Saudita em março.

APELO

Até esta quinta, a coalizão liderada pelos sauditas não havia feito nenhum ataque a Mukalla ou a outras áreas do Iêmen sob controle da Al Qaeda.

O vice-presidente iemenita exilado, Khaled Bahah, disse que os militantes em Mukalla são "filhos" da província que se tornaram extremistas, acrescentando que espera que eles não transformem Hadramawt numa "província islâmica".

Falando de Riad, Bahah também pediu que os houthis e as tropas pró-Saleh cessem sua ofensiva contra a cidade de Áden e respeitem a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU no início desta semana, exortando os rivais a acabar com a violência e retomar negociações de paz.

O Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU estima que pelo menos 364 civis tenham morrido no país desde o início dos ataques aéreos sauditas, em 26 de março, incluindo 84 crianças e 25 mulheres –sem contar centenas de combatentes mortos.


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