Folha de S. Paulo


Rússia assina tratado visto como anexação da Ossétia do Sul

No aniversário de um ano de anexação da península ucraniana da Crimeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou nesta quarta (18) um tratado de "aliança e integração" com a Ossétia do Sul, região separatista dentro da Geórgia (Ásia caucasiana).

Visto como uma nova anexação, o acordo foi atacado pelos georgianos, pela Otan (a aliança militar ocidental) e pelos EUA, que veem nele uma ameaça à estabilidade.

Após a guerra russo-georgiana de 2008, as regiões da Ossétia do Sul e da Abkházia declararam sua independência da Geórgia –reconhecida pela Rússia, mas não pela maior parte da comunidade internacional–, e tropas russas ocuparam os territórios.

O tratado desta terça, assinado por Putin e pelo líder osseta Leonid Tibilov, prevê integração militar, das forças de segurança e da alfândega da Rússia e da Ossétia do Sul.

Os russos se comprometeram, ainda, a proteger as fronteiras da área com pouco mais de 50 mil habitantes.

O presidente da Rússia, que cantou o hino nacional no aniversário da anexação da Crimeia, chamou o acordo com os ossetas –cuja vigência é de 25 anos– de "marco" e de "mais um passo no fortalecimento da parceria" entre o país e a região.

CONDENAÇÃO

Falando a jornalistas na capital da Geórgia, Tbilisi, o chanceler do país, Tamar Beruchashvili, classificou o tratado de "cínico" e "provocador" por parte da Rússia. "Consideramos que é uma medida que visa à anexação."

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que o acordo viola o direito internacional e prejudica os esforços para reforçar a segurança na região do Cáucaso.

Os EUA também se manifestaram contra a medida. A porta-voz do Departamento de Estado americano, Jen Psaki, disse não reconhecer a legitimidade do tratado entre Rússia e Ossétia do Sul.

"As regiões ocupadas da Ossétia do Sul e da Abkházia são partes integrantes da Geórgia. Nós continuamos a apoiar a independência, a soberania e a integridade territorial georgianas", afirmou.


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