Folha de S. Paulo


Kerry diz estar disposto a negociar com Assad sobre Síria

John Kerry, secretário de Estado dos EUA, afirmou neste domingo (15) que o país terá de negociar com o ditador Bashar al-Assad para uma transição política na Síria.

Kerry afirmou, durante a entrevista com a rede CBS, que "sempre estivemos dispostos a negociar no marco do processo de Genebra", referindo-se às discussões realizadas na Suíça em 2012.

Mas os EUA vinham repetindo a ideia de que Assad perdeu sua legitimidade e que não poderia, portanto, ter nenhum papel em uma transição política. Esse ponto foi uma razão para desentendimentos, por exemplo, com a chancelaria da Rússia.

A crise na Síria está entrando em seu quinto ano sem haver, até agora, qualquer perspectiva de solução. Ao contrário -o surgimento em 2014 da organização terrorista Estado Islâmico, que controla um território no país, levou a um caos maior.

A aparição e fortalecimento desses militantes armados, que disputam também um território no vizinho Iraque, é apontada como forte influência na aparente mudança de discurso nos EUA.

Nos últimos meses, a derrota do Estado Islâmico parece ser a prioridade internacional na Síria, mais do que o fim do regime de Assad.

Segundo Kerry, há esforços para retomar a saída diplomática ao conflito. O secretário de Estado afirmou, por exemplo, haver pressão para que o governo sírio negocie a transição no país.

Os esforços em Genebra, que incluíram outras rodadas de negociação em 2014, não tiveram qualquer resultado. Não há perspectiva de realizar uma terceira versão da conferência pela paz.

A revolta na Síria foi iniciada em 2011 com manifestações pacíficas. A repressão do regime levou a uma crescente violência e polarização no país, tornando-se o conflito mais grave da região, contaminando vizinhos como o Iraque e o Líbano. Mais de 200 mil morreram.

Assad se beneficia do apoio de parte da população e de um rígido controle das forças de segurança. Também é de ajuda o apoio russo, motivado por uma estratégica base naval desse país na Síria.


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