Folha de S. Paulo


Piloto preso por relação com protestos na Venezuela se suicida na cadeia

Um piloto de avião venezuelano que estava detido por envolvimento nos violentos protestos estudantis do ano passado morreu na cadeia, informou sua família na manhã desta sexta-feira.

O comandante Rodolfo González, 64, cometeu suicídio por enforcamento, segundo disse à Folha seu advogado, Joel Garcia.

O advogado afirmou que González, conhecido como "o aviador", se matou horas após ser notificado de que seria transferido nesta sexta do Helicóide, prisão do serviço de inteligência em Caracas, a um centro de detenção comum.

"Ele já vinha comentando que não iria aceitar de jeito nenhum ser transferido e que, se tivesse que fazer algo para impedir a transferência, ele o faria", relatou Garcia, por telefone. "Ele dizia que estava velho demais para encarar uma prisão comum, que não tinha nada a perder."

Prisões venezuelanas são conhecidas pelas pavorosas condições de detenção. Drogas, prostituição e torneios de brigas que só terminam com a morte do perdedor são comuns. "O Estado só controla a parte administrativa dos presídios. Do portão para dentro, mandam os criminosos", diz Garcia.

González foi detido pelo serviço de inteligência em abril de 2014, em meio aos protestos estudantis que resultaram na morte de 43 pessoas, incluindo policiais. O militar foi indiciado por formação de quadrilha, obstrução de via pública e porte ilegal de armas, entre outros.

O presidente Nicolás Maduro afirma que as manifestações eram parte de uma conspiração para derrubar seu governo com apoio dos EUA.

O advogado Garcia acusa as autoridades de terem ordenado a transferência de González a um presídio comum em resposta ao recente decreto dos EUA que incluiu a Venezuela entre os países considerados ameaças à segurança nacional americana e impôs sanções contra sete autoridades venezuelanas.

Uma das autoridades visadas é a promotora Katherine Haringhton, que, segundo Garcia, é responsável pelo caso do "aviador."


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