Folha de S. Paulo


Separatistas anunciam mobilização de 100 mil soldados no leste da Ucrânia

O líder separatista pró-Rússia Alexander Zakharshenko anunciou nesta segunda (2) que pretende mobilizar nos próximos dias ao menos 100 mil soldados para combater o Exército ucraniano em Donetsk, no leste do país.

Houve uma escalada da violência entre as partes nas últimas semanas e não há previsão de cessar-fogo. As negociações de paz que estavam sendo feitas na capital bielorrussa Minsk foram abandonadas no sábado (31), após mútuas acusações de "sabotagem".

Em setembro, separatistas e ucranianos assinaram um cessar-fogo e um plano de 12 pontos para a paz. Porém, o acordo nunca chegou a ser cumprido.

No sábado e domingo (31 e 1º), ao menos 15 civis morreram e 42 ficaram feridos em ataques do Exército ucraniano em Donetsk, segundo autoridades separatistas.

Manu Brabo - 1º.fev.2015/AFP
Mulher e garoto esperam em ônibus que deixa cidade de Debaltseve, na região de Donetsk
Mulher e garoto esperam em ônibus que deixa cidade de Debaltseve, na região de Donetsk

Mais de 5.000 pessoas, entre civis e combatentes, morreram no leste da Ucrânia desde abril de 2014, segundo informações das Nações Unidas. Centenas de milhares também tiveram que se refugiar.

O conflito teve início após a anexação da Crimeia pela Rússia, em resposta à destituição do presidente apoiado por Moscou em Kiev.

Editoria de Arte/Folhapress

AJUDA AMERICANA

O governo americano repensa a decisão de fornecer armas ao Exército da Ucrânia diante da continuidade dos combates entre as forças de Kiev e os separatistas pró-Rússia no leste do país, informou no domingo (1º) o jornal "The New York Times".

Membros da administração do presidente Barack Obama afirmam que a possibilidade foi levantada porque a Rússia não parou de fornecer armamento e combatentes aos separatistas, apesar das sanções econômicas dos EUA e da União Europeia.

Inicialmente, o governo americano havia fornecido ao Exército ucraniano apenas aparelhos não letais, como coletes à prova de balas, kits de primeiros socorros, equipamentos de engenharia e de comunicação.

Na época, americanos e europeus temiam que o fornecimento de armas provocasse uma ofensiva maior do presidente russo, Vladimir Putin, que criticou diversas vezes o envolvimento do Ocidente no conflito ucraniano.

A maior preocupação nas últimas semanas é com a diminuição do estoque de armas do Exército ucraniano. De acordo com um relatório do governo americano, o governo ucraniano precisa de tanques, mísseis antiaéreos e drones de reconhecimento.

Além dos Estados Unidos, participariam da operação o Reino Unido, a Polônia e os três países bálticos -Estônia, Letônia e Lituânia-, todos membros da Otan.

ALEMANHA

Nesta segunda (2), a chanceler alemã Angela Merkel fez um apelo a favor do cessar-fogo entre separatistas e ucranianos. Ela também afirmou que a Alemanha não dará apoio às forças militares de Kiev pelo fornecimento de armas. "Estou convencida que esse conflito não pode ser solucionado por meios militares", disse Merkel.


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