Folha de S. Paulo


Atores pedem que Reino Unido perdoe 49 mil processados por serem gays

Os atores britânicos Benedict Cumberbatch e Stephen Fry assinaram uma carta aberta ao governo britânico, pedindo que conceda perdão a 49.000 homens processados no passado por serem homossexuais com o uso de uma lei do século 19. Muitos deles cometeram suicídio.

A carta será entregue ao governo britânico e aos duques de Cambridge, o príncipe William e sua mulher, Kate. "Depende dos jovens líderes de hoje, incluídos os duques de Cambridge, reconhecer essa mancha em nossa história e não permitir que ela se mantenha", diz o texto.

Também assinam a carta os parentes de Alan Turing, um dos pais da inteligência artificial e um dos responsáveis por decifrar o código de uma máquina usada para dar sigilo a mensagens da Alemanha na Segunda Guerra Mundial. A carta o classifica como "um dos grandes heróis do século 20", pois seu trabalho foi crucial na vitória dos Aliados contra o nazismo.

Cumberbatch, mundialmente conhecido pelo papel de Sherlock Holmes na série da BBC, interpreta Turing em "O Jogo da Imitação, que acaba de estrear no Brasil. O filme conta a história do matemático, condenado por "indecência grave" em 1952. Dois anos depois de ser quimicamente castrado, Turing se suicidou.

Apenas em 2013, a rainha Elizabeth lhe concedeu perdão oficial, quatro anos depois de o primeiro-ministro Gordon Brown oferecer desculpas pela forma como Turing foi tratado em sua época.

Agora, a campanha de Cumberbatch e Fry pede que se faça o mesmo com milhares de homens condenados da mesma maneira por um artigo da lei criminal datado de 1885.

Dos quase 50 mil homens processados na época, o grupo estima que cerca de 15 mil ainda estejam vivos, embora muitos, como Turing, tenham cometido suicídio.

AFP
O matemático britânico Alan Turing, posa para foto escolar em Dorset (Inglaterra), em 1928
O matemático britânico Alan Turing, posa para foto escolar em Dorset (Inglaterra), em 1928

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