Um dia depois de encerrar quase simultaneamente dois cercos no país, libertando reféns e matando os responsáveis pelo atentado terrorista ao "Charlie Hebdo", a França incrementava no sábado (10) a segurança em sua capital.
Foram adicionados 500 militares na tarefa de proteger a região, depois de uma semana marcada por ataques. Houve um alarme falso na Euro Disney, com a retirada de famílias do local, e rumores –desmentidos– de um ataque a uma sinagoga.
Bernard Cazeneuve, ministro do Interior, afirmou que "dado o contexto, estamos expostos a riscos". Assim, as medidas antiterrorismo devem ser mantidas nas próximas semanas, incluindo a proteção a locais de culto muçulmanos, depois das agressões nos últimos dias.
As ações extremistas deixaram 17 pessoas mortas, além dos três criminosos, entre o ataque à Redação do "Charlie Hebdo" e a tomada de reféns em um mercado judaico na região leste de Paris. As autoridades francesas investigam, agora, como os atentados foram planejados e executados.
Segundo a CNN, os membros das forças de segurança da França foram orientados a apagar seus perfis nas redes sociais e a portar suas armas a todo momento, pois células terroristas teriam sido ativadas no país nas últimas horas.
Na sexta (9), um membro da Al Qaeda no Iêmen disse que o atentado ao "Charlie Hebdo" ocorreu a mando do grupo e fez novas ameaças. As autoridades francesas confirmaram a associação dos irmãos Kouachi, autores do ataque ao jornal, à facção terrorista.
MANIFESTAÇÃO
Será realizada no domingo (11) uma manifestação em Paris com a presença de líderes mundiais, como o premiê israelense, Binyamin Netanyahu e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.
Marine Le Pen, líder da extrema direita no país, convocou seus seguidores para manifestações paralelas.
No sábado (10), cerca de 700 mil pessoas foram às ruas em várias cidades da França em homenagem às vítimas.
Enquanto busca assegurar a realização do ato, o governo francês prossegue na caça aos cúmplices dos atentados da semana passada.
Dezesseis pessoas foram detidas pela polícia para interrogatório, incluindo membros da família Kouachi.
A principal foragida é Hayat Boumeddiene, 26, parceira de Amedy Coulibaly, o responsável pelo ataque ao mercado judaico na sexta-feira (9).Ambos são suspeitos pela morte de uma policial na capital.
Porém, Boumeddiene, segundo fontes policiais, teria viajado da Espanha à Turquia no dia 2 de janeiro e, no dia 8, atravessado a fronteira para a Síria.
Um promotor francês disse que Boumedienne trocou mais de 500 ligações com Izzana Hamyd, a mulher de Chérif Kouachi, um dos autores do ataque ao "Charlie Hebdo".
Em uma das fotografias de Boumeddiene divulgadas pela imprensa francesa, ela aparece com o rosto coberto por um véu. Esse tipo de vestuário foi proibido na França. Na imagem, a mulher aponta uma besta para a câmera.
De acordo com informações divulgadas nos últimos dias, Boumeddiene cobria o rosto desde 2009 e, por isso, havia deixado o emprego como caixa. Ela nasceu em Villers-sur-Marne (leste), em uma família de origem argelina.