Folha de S. Paulo


Cartunista morto era visto como uma lenda entre colegas franceses

Georges Wolinski, 80, um dos mais reverenciados cartunistas da França e um símbolo de maio de 68, estava entre os doze mortos no ataque ao semanário satírico "Charlie Hebdo" nesta quarta (7).

Nascido na Tunísia de pais judeus, Wolinski mudou para a França em 1946. Largou a faculdade de arquitetura em Paris e começou a desenhar cartuns nos anos 60, contribuindo para a revista mensal satírica "Hara-Kiri".

Durante as revoltas estudantis de 68, Wolinski foi co-fundador da revista satírica "L'Enragé".

Suas charges de forte teor político e erótico já foram publicadas no jornal "Libération", na "Paris-Match", além do jornal comunista "L'Humanité" e do "Charlie Hebdo".

Junto com Georges Pichard, ele criou Paulette, uma de suas personagens mais marcantes.

Vincent Kessler - 16.mai.2008/Reuters
O cartunista Georges Wolinski, 80, outra vítima do ataque ao jornal satírico 'Charlie Hebdo
O cartunista Georges Wolinski, 80, outra vítima do ataque ao jornal satírico 'Charlie Hebdo'

O cartunista recebeu a Legião de Honra, a mais alta condecoração da França.

"Wolinski influenciou todo mundo que vocês conhecem: Ziraldo, Jaguar, Nani, Henfil, Fortuna... O cara era uma ESCOLA. Que dia tenebroso!", escreveu o cartunista brasileiro André Dahmer no Twitter.

Além de Wolinski, os cartunistas Jean Cabut, 76, o "Cabu"; e Bernard Verlhac, o Tignous, estavam entre as vítimas.

Cabut era um dos mais famosos cartunistas franceses e foi chamado de "o melhor jornalista da França" pelo diretor de cinema Jean-Luc Godard. Seu personagem mais conhecido é Mon Beauf (Meu caipira, em uma tradução livre), que transformou-se sinônimo de francês racista ou sexista.

Ele foi o autor da charge em que o profeta Maomé aparece soluçando, com as mãos na cabeça, dizendo: "É difícil ser amado por idiotas", junto com a legenda "Maomé sobrecarregado pelos fundamentalistas."

A charge apareceu na capa do "Charlie Hebdo" que reproduziu os cartuns publicados pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten, em 2005, que tinham levado a uma série de protestos de muçulmanos ao redor do mundo, com saldo de 50 mortos.

Bernard Maris, 68, outra vítima do ataque, escrevia uma coluna no "Charlie Hebdo", era comentarista de economia e professor da Universidade de Paris. Dois policiais também foram mortos no atentado.


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