Folha de S. Paulo


Infecção por ebola ocorre mesmo com equipamento de proteção

Até agora, pelo menos duas pessoas contraíram o vírus ebola mesmo usando o "equipamento de proteção pessoal" (PPE, na sigla em inglês), o macacão e os acessórios que supostamente evitam a infecção: as enfermeiras nos EUA e na Espanha.

A contaminação causou pânico, porque não se imaginava que a doença se espalharia em países desenvolvidos. Mas isso não significa que os PPEs não sejam eficientes -significa que não basta usar a roupa de proteção, são necessários procedimentos rigorosos.

Na África, 416 profissionais de saúde já se infectaram ao tratar pacientes com ebola e 233 morreram.

Entre os profissionais dos Médicos sem Fronteiras, só dois se contaminaram tratando doentes, porque seguem um protocolo rígido de segurança.

Os MSF sempre trabalham em duplas, para que um avise o outro se há algum milímetro de pele exposto. Eles vestem seu PPE em frente a um espelho. Existe uma ordem -começam com o primeiro par de luvas descartáveis, depois o macacão, a máscara, o capuz de centro cirúrgico, o capuz impermeável, o avental, os óculos, e o segundo par de luvas.

Dentro dos macacões, a temperatura chega a 46º C. Por isso, cada enfermeiro pode ficar até 45 minutos na área de alto risco. Aí sai, faz a desinfecção com água com cloro a 0,5%, tira a roupa e descansa meia hora. Só daí pode voltar.

Pôr e tirar a roupa é um grande risco. Existe uma maneira especial de se fazer isso, para que a pele não encoste no exterior do macacão e luvas.

Acredita-se que as enfermeiras de Dallas e Madri possam ter se infectado dessa maneira. Todo o equipamento é incinerado após o uso, menos os óculos, as botas e avental impermeável.

E todos os procedimentos de alto risco, como acesso a veias e entubação, são discutidos pela equipe, para ver se vale a pena correr o perigo de contaminação.


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