Folha de S. Paulo


Professor e jornalista é escolhido chefe da coalizão opositora na Venezuela

A grande coalizão de partidos opositores ao governo venezuelano oficializou nesta quarta-feira (24) a escolha do jornalista e professor Jesus Torrealba, 56, como seu novo chefe.

Torrealba tem por missão conduzir e preparar a Mesa da Unidade Democrática (MUD) para as eleições legislativas de 2015, nas quais a oposição tentará enfraquecer o domínio da bancada alinhada ao presidente esquerdista Nicolás Maduro.

Torrealba disse à Folha, por telefone, que seu maior desafio é "manter e potencializar" a unidade da MUD num momento de fragmentação da oposição entre facções rivais.

"Minha nomeação foi fruto de uma decisão unânime dos partidos, e isso é um sinal forte de entendimento e união", afirmou.

Disputas internas na MUD vinham se intensificando desde a onda de protestos antigoverno que estremeceu o país, em fevereiro, e haviam levado à renúncia do mais recente líder da coalizão, há dois meses.

Grupos contrários ao projeto bolivariano –implantado pelo então presidente Hugo Chávez em 1999 e perpetuado por Maduro– defendem estratégias opostas.

De um lado estão partidários do radicalismo, como Leopoldo López –preso desde fevereiro– e a deputada cassada Maria Corina Machado, que pregam a continuação da resistência nas ruas, apesar de manifestações já terem causado mais de 40 mortes.

Do outro estão pragmáticos, como o governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, que priorizam a disputa política pelas urnas.

Torrealba já convocou protestos para o dia 4 de outubro, numa aparente tentativa de ressuscitar a mobilização popular contra a espiral de problemas que afetam a vida dos venezuelanos, incluindo inflação de 60%, alta criminalidade e escassez de produtos de consumo e medicamentos.

Pesquisas recentes indicam que dois terços da população tem visão negativa do governo, mas a oposição pena para capitalizar essa insatisfação.

"Temos que fazer a ponte entre a parcela da sociedade que sempre foi opositora e aquela composta pelos frustrados do chavismo", afirmou Torrealba, cuja trajetória de filho de sindicalistas e ex-militante comunista é vista como aposta para tentar desvincular a direita da imagem de elitista e alienada.


Endereço da página: