Folha de S. Paulo


Plebiscito escocês gera disputa por petróleo e parque nuclear

Além dos temas políticos e econômicos tão discutidos nos últimos dias, uma eventual vitória pela independência da Escócia no plebiscito de quinta-feira (18) ameaçaria o futuro das explorações petrolíferas e nucleares do Reino Unido na região.

O governo britânico mantém quatro submarinos nucleares na base naval de Faslane, carregados com mísseis Trident. O programa emprega ao menos 6.700 pessoas.

Líder da campanha pelo "sim", a favor da separação, o primeiro-ministro do parlamento local, Alex Salmond, avisou que, em caso do fim da união de 307 anos, o projeto nuclear terá de ser removido do solo escocês até 2020.

Contrários à independência, governo e oposição em Londres argumentam que, além da dificuldade operacional, o custo seria inviável para os cofres públicos: algo entre 2,5 bilhões e 3,5 bilhões de libras (de R$ 9,5 bilhões a R$ 13,3 bilhões).

Como a possibilidade de independência era remota até semanas atrás, pouco havia sido negociado em termos concretos sobre o tema. Agora, com o cenário acirrado nas pesquisas,a questão ficou imprevisível.

Pesquisa divulgada nesta sexta (12) indica 52% dos escoceses contrários à separação, ante 48% a favor.

Especialistas avaliam que a extinção do programa nuclear poderia ser uma saída viável e com menos impacto financeiro. Uma solução, no entanto, que afetaria a política de defesa e relações exteriores de Londres.

Além disso, segundo estudo do Royal United Services Institute, o arsenal nuclear só conseguiria ser totalmente removido da Escócia em 2028.

Pela regras do plebiscito, a separação ocorreria de fato a partir de 2016. Ou seja, o Reino Unido teria, a partir de então, um programa nuclear em um país independente, uma situação inédita nessa área.

PETRÓLEO

A produção petrolífera do mar do Norte, responsável por uma receita de impostos em torno de 6 bilhões de libras (R$ 22,8 bilhões) por ano para o Reino Unido, também se tornaria um impasse.

Os nacionalistas escoceses afirmam que 91% dessa arrecadação vem de exploração em águas do seu território.

Com base nessa estimativa, eles prometem usar esses recursos para desenvolver uma Escócia independente. Estimam ainda um potencial de 24 bilhões de barris pelos próximos 30 a 40 anos.

O premiê britânico, David Cameron, alega que a exploração petrolífera na região é uma história de sucesso do Reino Unido e não pretende abrir mão tão fácil das receitas vindas do setor.


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