Folha de S. Paulo


Exército ucraniano denuncia mais militares russos no país

O Exército ucraniano afirmou nesta quarta-feira (27) que uma coluna de blindados russos está avançando no sudeste da Ucrânia.

"Temos informações sobre o avanço de uma coluna composta por 100 aparelhos, como tanques, blindados, lança-foguetes do tipo Grad, na estrada Starobecheve Telmanove", anunciaram os militares.

A coluna com o distintivo de um triângulo ou um círculo branco segue para a localidade de Telmanove, a 20 km da fronteira russa e a 80 km ao sul de Donetsk, reduto dos separatistas pró-Rússia.

Telmanove fica 40 km ao norte de Novoazovsk, onde as autoridades ucranianas anunciaram prendido na segunda-feira (25) uma coluna de blindados russos.

De acordo com o Exército ucraniano, outra coluna composta por seis lança-foguetes Grad e caminhões com combatentes entrou na localidade de Dibrovka, 110 km ao leste de Donetsk.

Os separatistas pró-Moscou anunciaram na segunda-feira uma contraofensiva ao sul de Donetsk.

Na região de Donetsk, três civis morreram em 24 horas, atingidos por tiros no distrito de Petrovski.

O porta-voz militar, Andriy Lysenko, disse que o Exército matou cerca de 200 separatistas e destruiu tanques e sistemas de mísseis durante o combate nas cidades de Horlivka e Ilovaysk.

Segundo ele, 13 militares ucranianos foram mortos nas últimas 24 horas.

O fluxo de forças russas e armas para a Ucrânia é um grande problema, e Moscou deve garantir que isso pare, disse o porta-voz da chanceler Angela Merkel nesta quarta.

"A pré-condição para um cessar-fogo efetivo é que a Rússia contribua para desescalar a crise e que haja um acordo para proteger a fronteira", disse o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert.

OTAN

A Otan deseja ter capacidade para posicionar tropas e armamentos dentro de alguns dias no leste da Europa ante a atitude da Rússia na crise ucraniana, afirmou o secretário-geral Anders Fogh Rasmussen em entrevista a vários jornais europeus.

O primeiro-ministro da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, cobrou da Otan uma "ajuda prática" nesta quarta.

Os 28 membros da Aliança Atlântica preveem adotar, na próxima semana, durante a reunião de cúpula no País de Gales, um plano com o objetivo de intensificar a ação de suas tropas, em particular a força de reação rápida. Atualmente, esta força necessita de vários dias para ser operacional.

Vários exercícios militares de grande envergadura foram realizados pelo Exército russo nos últimos meses, gerando preocupação na Ucrânia e também nos países bálticos e Polônia, que pedem bases permanentes da Otan em seus territórios

NOVA AJUDA HUMANITÁRIA

O presidente russo, Vladimir Putin, concordou que a nova ajuda humanitária do país para o leste separatista da Ucrânia seja entregue sob a supervisão da Cruz Vermelha, com a aprovação das autoridades ucranianas, afirmou o Kremlin.

Na segunda-feira, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, anunciou o envio de um segundo comboio humanitário russo.

O primeiro comboio, que segundo Moscou transportava 1.800 toneladas de ajuda, atravessou a fronteira na sexta-feira (22) e chegou a Lugansk sem autorização ucraniana ou verificação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Kiev denunciou uma "invasão direta" russa após a entrada do comboio em seu território.

"A necessidade de entregar uma ajuda humanitária em consequência do agravamento da catástrofe humanitária no leste da Ucrânia foi abordada durante a reunião regional de Minsk", disse Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, em uma entrevista à agência Itar-Tass.

Putin e o presidente ucraniano Petro Poroshenko participaram da reunião na terça-feira (26).

Putin falou sobre a "possibilidade e a necessidade de uma ajuda humanitária em Donetsk e em Lugansk", redutos pró-Rússia do leste da Ucrânia onde mais de 2.200 pessoas morreram desde abril em combates entre separatistas e o Exército ucraniano.


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