Folha de S. Paulo


Comboio de ajuda russo deve entrar na Ucrânia pela fronteira de Lugansk

O comboio de ajuda humanitária da Rússia, com mais de 260 caminhões, está a caminho da fronteira com a Ucrânia nesta quinta-feira (14).

Os caminhões, que antes iriam entrar no país pela região de Kharkov, agora se dirigem para uma passagem de fronteira mais ao leste, próximo a Lugansk.

Editoria de arte/Folhapress

Segundo um funcionário do ministério russo das Situações de Emergência, o comboio chegou nesta quinta-feira à região de fronteira de Rostov (sul da Rússia).

Enquanto a Ucrânia desconfia que a ajuda seja um pretexto para intervenção militar, segue o impasse sobre o procedimento na fronteia. O país exige que a ajuda humanitária seja entregue pela Cruz Vermelha, após uma inspeção na fronteira.

Um alto funcionário da Cruz Vermelha Internacional (CICV), Laurent Corbaz, está voando para Kiev e Moscou para discutir a iniciativa ajuda russa.

O CICV diz que Ucrânia e Rússia precisam esclarecer os procedimentos de passagem nas fronteiras.

PUTIN

O presidente russo, Vladimir Putin, assegurou nesta quinta-feira que a Rússia fará tudo o que puder para que o conflito no leste da Ucrânia termine, durante uma reunião realizada na Crimeia, península anexada em março por Moscou.

A população da península, por vasta maioria, apoiou a opção de se unir à Federação Russa em um plebiscito antes que Moscou tornasse efetiva a anexação.

Putin ressaltou que a Ucrânia "afundou em um caos sangrento, em um conflito fratricida" e que "no leste da Ucrânia aconteceu uma grande catástrofe humana".

"Morreram milhares de pessoas, centenas de milhares se transformaram em refugiados e perderam literalmente tudo", disse.

LUGANSK

Vinte e dois civis morreram em 24 horas nos bombardeios contra o reduto separatista de Lugansk, cercado pelo Exército ucraniano e que sofre com uma situação humanitária "crítica", anunciou à AFP um representante da administração regional.

"Os bairros orientais da cidade foram atacados com morteiros. Um ônibus, uma loja e vários edifícios residenciais foram atingidos", afirmou o representante, que pediu anonimato.

O comando da operação do Exército ucraniano contra os insurgentes pró-Moscou anunciou nesta quinta-feira uma ofensiva na zona leste de Lugansk.

As autoridades locais afirmam que Lugansk está em situação "crítica", sem energia elétrica ou água corrente há 12 dias, com as linhas telefônicas cortadas e os estoques de comida e medicamentos perto do fim.

O chefe da autoproclamada República Popular de Lugansk, Valeri Bolotov, anunciou nesta quinta-feira sua "renúncia temporária" por causa de um ferimento à bala sofrido em maio.

O comando do território rebelde, cenário de sangrentos combates entre os separatistas pró-Rússia e as forças de Kiev, será assumida por Igor Plotnitski, atual ministro da Defesa.

Com a renúncia, as duas principais regiões separatistas, Lugansk e Donetsk, têm mudanças mas lideranças. Aleksander Borodai, chefe da autoproclamada República Popular de Donetsk, disse no último dia 7 que deixava o cargo.

DONETSK

Intensos ataques com armas pesadas eram ouvidos nesta quinta-feira em vários pontos do centro de Donetsk, incluindo uma universidade e a sede do Ministério Público, ocupada por separatistas pró-Rússia.

Um obus atingiu a universidade politécnica e feriu um professor. Outro atingiu o teto do Ministério Público regional, ocupado por representantes da autoproclamada República Popular de Donetsk.

Uma correspondente da AFP também observou um obus que não explodiu diante de um centro comercial. O bairro foi cercado por separatistas armados que afirmaram que outros dois obuses atingiram a sede da polícia, também ocupada pelos insurgentes.


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