Folha de S. Paulo


OMS pede medida drástica contra surto de ebola na África

A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu nesta quinta (3) por uma "medida drástica" para combater a epidemia de ebola que atinge a Guiné, Libéria e Serra Leoa.

A OMS e os países do oeste africano pediram à Comunidade Econômica dos Estados de África Ocidental (Cedeao) apoio político e diplomático contra o surto.

Os ministros da saúde de onze países da África Ocidental discutem medidas urgentes para combater a maior epidemia de ebola da história, no último dia de uma cúpula sobre a crise na capital de Gana.

A crise de saúde também será debatida na próxima cúpula da Cedeao, que também acontecerá na capital de Gana entre os dias 10 e 11 deste mês.

Desde março, foram 759 casos confirmados e 467 mortos nos três países, segundo a OMS divulgou na terça (1°)

O especialista Peter Piot, um dos que descobriu o vírus do ebola, classificou a situação como "sem precedentes" em entrevista à CNN. "Em primeiro lugar, é a primeira vez que há um surto como esse na África Ocidental. Em segundo, é a primeira vez que três países estão envolvidos. Em terceiro, é a primeira vez que surtos atingem capitais".

Na quarta (2), os ministros afirmaram que não têm os recursos necessários para combater o surto. Os parceiros internacionais convidados à cúpula, entre eles ONU, União Europeia, Cruz Vermelha e Médicos Sem Fronteiras, prometeram se coordenar para dar apoio técnico e financeiro para melhorar a resposta ao ebola nos países afetados.

Os ministros concordaram em eliminar obstáculos como a falta de comunicação, de colaboração, de recursos financeiros, do controle da infecção e de pesquisa.

O oeste africano mobilizará líderes políticos e religiosos para aumentar a conscientização e limitar as práticas que facilitaram a expansão do vírus, como o contato com doentes e mortos sem proteção.

Profissionais da saúde e funcionários de necrotérios e casas funerárias que não tomam as precauções necessárias no contato com os corpos de pessoas mortas pela doença são as principais vítimas do surto.

Vários laboratórios farmacêuticos e universidades americanas estão trabalhando no desenvolvimento de uma vacina contra o vírus Ebola. Estão em diferentes etapas da experimentação, mas nenhum imunizante foi suficientemente testado para ter seu uso autorizado nas populações.

DOENÇA

Até hoje houve 21 surtos de Ebola, sem contar com casos isolados de apenas um paciente, desde que o vírus foi detectado em humanos pela primeira vez na República Democrática do Congo, em 1976.

O ebola provoca febre, dores musculares, vômitos, diarreia e hemorragia e mata até 90% das pessoas infectadas. O vírus do ebola é transmitido através do contato com sangue ou outros fluidos de pessoas ou animais contaminados.


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