Folha de S. Paulo


ONU denuncia execuções sumárias no Iraque; jihadistas tomam mais duas cidades

A comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos, de Genebra, confirmou nesta sexta-feira (13) as execuções sumárias de civis e soldados no Iraque por parte dos jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).

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Entre os casos denunciados pela ONU está a execução de 17 civis em uma estrada da cidade de Mossoul que trabalhavam para a polícia local.

O porta-voz da comissão, Rupert Colville, anunciou que centenas de pessoas foram mortas nos últimos dias no Iraque.

"As pessoas mortas nos últimos dias no Iraque seriam uma centena e os feridos mais de mil", disse Colville.

DUAS CIDADES

Os jihadistas se apoderaram de mais duas cidades no Iraque entre a noite de quinta e a manhã desta sexta-feira, na província de Diyala.

Depois que as forças iraquianas abandonaram seus postos, fontes do setor de segurança disseram que as cidades de Saadiyah e Jalawla haviam caído em mãos de insurgentes, bem como vários vilarejos no entorno das montanhas de Himreen, que são há tempos esconderijo de rebeldes.

Já o governo iraquiano informou que está pronto para proteger Bagdá dos rebeldes, que já estão perto da capital iraquiana, informou em um comunicado o ministério do Interior.

ATAQUES

Militantes do grupo EIIL invadiram a cidade de Mosul, no norte do Iraque, no começo da semana e depois se dirigiram ao sul, rumo a Bagdá, em uma investida violenta contra o governo xiita.

O EIIL, que pretende criar um emirado islâmico no Iraque e na Síria, ameaçou prosseguir "suas conquistas" no Iraque e avançar para Bagdá e as cidades santas xiitas de Karbala e Najaf.

Os curdos, que administram sua região autônoma no norte, se aproveitaram do caos e expandiram seu território, assumindo o controle da cidade de Kirkuk, rica em petróleo, e outras áreas fora dos limites de seu enclave.

As forças curdas, conhecidas como peshmerga, também deslocaram homens para fazer a segurança de sedes de partidos políticos em Jalawla antes que os insurgentes chegassem à cidade. Não houve confrontos entre eles.

O Exército iraquiano disparou fogo de artilharia contra Saadiya e Jalawla, a partir da localidade vizinha de Muqdadiya, o que levou dezenas de famílias a fugirem para a cidade vizinha de Khaniqin perto da fronteira iraniana, disseram fontes do setor de segurança.

Na quinta-feira o presidente dos EUA, Barack Obama ,ameaçou lançar ataques militares contra os militantes sunitas islâmicos que querem estabelecer um Estado islâmico no Iraque e na Síria.

Um funcionário do governo dos EUA disse que Obama ainda não sabe se irá intervir no país, mas que a decisão sobre a ação vira no fim de semana.

Segundo o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, ataques aéreos estão entre as opções, mas não haverá intervenção por terra.

LÍDER XIITA

O máximo clérigo xiita iraquiano, aiatolá Ali al Sistani, em discurso pronunciado por um de seus representantes, Abdel-Mahdi al Karbalai, convocou a população a iniciar uma guerra santa (jihad) contra os jihadistas..

"Os cidadãos que possam pegar em armas para lutar contra os terroristas têm que se apresentar como voluntários no exército para realizar este objetivo sagrado", disse Karbalai durante o sermão da oração muçulmana de meio-dia da sexta-feira.

O porta-voz afirmou que a responsabilidade de repelir os insurgentes e de proteger o Iraque e seus lugares sagrados é de todos os iraquianos e não de apenas uma seita.

"O Iraque e o povo iraquiano enfrentam um desafio grande e um perigo tremendo, e os terroristas não limitam seu ataque contra algumas províncias mas contra todo o Iraque", acrescentou.

Além disso, pediu às forças políticas que abandonem sua divisão e a apoiem as Forças Armadas, e ressaltou o apoio de Al Sistani ao exército iraquiano.

O primeiro-ministro do país, Nouri al-Maliki, emitiu um decreto na qualidade de comandante das Forças Armadas para permitir ao exército recrutar voluntários.


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