Folha de S. Paulo


Canal de TV confirma denúncia contra assessor de opositor na Colômbia

A emissora de TV colombiana RCN News confirmou nesta quinta-feira que o chefe de campanha do candidato opositor à presidência lhe ofereceu informações sobre as negociações de paz do governo com as Farc.

O chefe de campanha, que trabalhava com o candidato presidencial de direita Oscar Iván Zuluaga, estaria envolvido na espionagem do e-mail do presidente colombiano e renunciou na quarta-feira.

O canal disse na quarta-feira à noite ter sido contatado no mês passado por Luis Alfonso Hoyos, o chefe de campanha, que visitou a redação na companhia de Andrés Sepúlveda, o alegado hacker preso na terça-feira.

Sepúlveda é acusado de invadir o e-mail do presidente Juan Manuel Santos, candidato à reeleição, e interceptar mensagens dele sobre a negociação com os guerrilheiros das Farc.

Segundo o vanal, os dois homens disseram ter provas de que rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que atualmente participam de negociações de paz com o governo, estavam pressionando cidadãos a votar pelo presidente Juan Manuel Santos, que concorre à reeleição na votação deste mês.

Eles também disseram à RCN ter vídeos e gravações de diversos políticos de esquerda se reunindo para discutir a formação de um novo partido político das Farc, segundo a emissora.

"A informação não tinha a qualidade ou precisão necessária para ser publicada", disse o chefe da RCN Rodrigo Pardo, acrescentando que as alegações foram checadas com outras fontes.

Hoyos refutou ter cometido qualquer ilegalidade, mas disse estar saindo de seu cargo para evitar prejudicar Zuluaga, cuja campanha também negou ter conhecimento de atividades ilegais e pediu uma investigação do caso.

O presidente Santos pediu que a promotoria "chegue ao fundo desta questão".

Na segunda-feira, o chefe da campanha de Santos, o publicitário Juan José Rendón, renunciou após ter sido acusado por um traficante de receber US$ 12 milhões para mediar com o governo a rendição de quatro chefes do tráfico. Rendón negou e disse que as acusações eram parte de um plano para manchar a reputação do presidente.

CONTAS

O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, que apoia Zuluaga, disse nesta quinta-feira que a promotoria deve investigar a "hipótese" de que J.J Rendón, ex-assessor de Santos, tenha dado US$ 2 milhões para pagar dívidas das eleições de 2010.

"Pessoas próximas ao presidente Santos disseram que a campanha de 2010 custou muito mais do que permitiam os 'amortecedores' e que nesta está ocorrendo o mesmo", acrescentou o ex-presidente.

Uribe, que admitiu não ter provas, disse que recebeu ontem a informação de "pessoas sérias" da suposta contribuição de Rendón às contas da campanha de Santos e assegurou que se a Promotoria ou qualquer outra autoridade investigar o caso, dará os nomes de suas fontes para que sejam chamadas a depor.

O ex-presidente disse que se a "hipótese" for confirmada, a Promotoria deve averiguar "de onde saíram esses US$ 2 milhões".


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