Folha de S. Paulo


Resgatados relatam desespero durante naufrágio de navio sul-coreano

Passageiros resgatados do navio sul-coreano que naufragou com 462 pessoas a bordo, no trajeto entre Incheon e a ilha turística de Jeju, relataram momentos de pânico à imprensa nesta quarta.

As autoridades ainda investigam a causa do acidente, que deixou ao menos seis mortos.

Segundo o governo, as operações de resgate continuam, mas estão prejudicadas pelo mau tempo. Cerca de 290 pessoas ainda estão desaparecidas.

Kim Sung-Mook disse ao canal de TV sul-coreano YTN que estava tomando café da manhã no salão do navio quando sentiu que a embarcação havia inclinado. "Pensamos que era por causa da maré."

Então, o navio se inclinou ainda mais e, pelos alto-falantes, a tripulação pediu aos passageiros que permanecessem sentados e que qualquer movimentação poderia ser perigosa.

"Todos permaneceram onde estavam. Mas, quando a água começou a entrar, as pessoas começaram a ir para lugares mais altos".

TVs sul-coreanas mostraram imagens de pessoas escalando a lateral do navio, já parcialmente submerso, tentando chegar às equipes de resgate.

Kim conseguiu entrar em um dos helicópteros de resgate. Ele disse que, quando finalmente conseguiu sair do navio, ao menos 30 pessoas ainda estavam lá dentro. Pouco depois, a embarcação submergiu quase completamente.

"A não ser que eles quebrassem uma janela, eu acho que é quase impossível que eles tenham conseguido sair de lá."

"Estava tudo bem. Então ouvimos um estrondo e um barulho de carga caindo", disse Cha Eun-ok, outro passageiro, que estava no deque do navio tirando fotografias no momento do acidente. "A tripulação disse às pessoas para permanecerem onde elas estavam...mas as pessoas que ficaram paradas ficaram presas",

FERIDOS

O estudante de ensino médio Lim Hyumng Min disse ao canal de TV sul-coreano YTN que viu diversos de seus colegas caírem e se machucarem quando o navio começou a inclinar.

"Quando o navio começou a balançar e a se inclinar, todos nós nos desequilibramos e começamos a bater uns nos outros."

Lim disse que permaneceu onde estava até que as equipes de resgate chegassem e jogassem a eles coletes salva-vidas. Depois, as equipes pediram que eles saltassem na água, que Lim descreveu como "insuportavelmente fria". "Eu ficava pensando que só queria sobreviver."

Ele então nadou até um dos barcos de resgate.

ESPERA

Pais de estudantes se reuniram no colégio Ansan Danwon, esperando ansiosamente por notícias de seus filhos pelo celular. Embora muitos estudantes tenham perdido seus telefones durante o naufrágio, eles usaram os celulares das equipes de resgate para avisar seus pais que estavam bem.

"Minhas lágrimas secaram", disse a mãe de um estudante em Jindo, cidade próxima ao local do naufrágio. "Espero que o governo faça tudo para trazer as crianças de volta".

Alguns pais não conseguiam esperar por notícias. Alguns deles alugaram pequenas embarcações que os levassem ao local do acidente. "Não havia nenhuma operação de resgate acontecendo. O que eles estavam fazendo naquela hora era tentar conter o vazamento de combustível. Estou muito bravo. A imprensa diz que a operação de resgate ainda está acontecendo, mas é tudo mentira", disse um deles.

Editoria de Arte/Folhapress

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