Folha de S. Paulo


Após três anos, moradores voltam a cidade a 20 km de Fukushima

Cerca de 350 moradores voltaram nesta terça-feira ao distrito de Miyakoji, em Tamura, no Japão. A área é a primeira a ser liberada no raio de 20 km da usina nuclear de Fukushima, afetada por um acidente provocado pelo terremoto seguido de tsunami que atingiu o país em 2011.

Nos últimos três anos, a área foi descontaminada pelo governo, que foi obrigado a montar alojamentos temporários em outras partes da prefeitura de Fukushima para abrigar as 160 mil pessoas que precisaram deixar suas casas após o acidente nuclear.

Os primeiros moradores chegaram à região com o sentimento de voltar para casa, mas ainda com medo dos efeitos da radiação. Em entrevista à agência de notícias Reuters, Kimiko Koyama, 69, disse que muitos dos amigos da família não devem voltar.

"Não há trabalho e não convém vir para cá. Os mais jovens também têm medo. Minha filha não trará nossos netos para cá por causa da radiação", disse.

Apesar da descontaminação, a maioria das famílias que voltou para a região é de idosos. As escolas devem ser reabertas na semana que vem e a única creche do distrito recebeu apenas 11 crianças nesta terça.

Enquanto isso, funcionários da usina nuclear começavam a remover parte do gelo e da neve que estavam no parquinho. Ainda não foi decidido o tempo que as crianças poderão permanecer fora de casa. Nos primeiros meses após o acidente em Fukushima, eles só podiam brincar ao ar livre por meia hora.

A limpeza da cidade faz parte do plano de descontaminação da região ao redor da usina nuclear, na qual o governo japonês deve gastar até US$ 30 bilhões (R$ 67,8 bilhões). No entanto, o padrão de radioatividade a longo prazo, de 1 milisiervert por ano, não deve ser atingido.

Na região de Miyakoji, os índices estão entre 0,11 e 0,48 microsierverts por hora, número abaixo dos 100 mil microsierverts que a Organização Mundial da Saúde diz ser o limite para que ocorram mais casos de câncer.

A cidade também enfrentará a crise econômica, provocada pelo fim dos empregos dados pela operadora da usina nuclear e pelas atividades agrícolas.


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