Folha de S. Paulo


Exército do Iraque posiciona tanques e artilharia em Falluja

O Exército iraquiano posicionou tanques e artilharia na região de Falluja nesta terça-feira, segundo autoridades da área de segurança, ao mesmo tempo que líderes locais na cidade apelam para que extremistas ligados à Al Qaeda deixem o local e assim evitem o ataque militar.

Autoridades da área de segurança e líderes tribais disseram que o primeiro-ministro Nuri al-Maliki concordou em postergar a ofensiva e assim dar mais tempo para que moradores de Falluja convençam os extremistas a sair do lugar. Não está claro, porém, quanto tempo eles teriam até que as tropas invadam a cidade, onde as forças norte-americanas travaram notórios combates há uma década.

Combatentes, alguns deles estrangeiros, do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), um grupo ligado à Al Qaeda e também ativo do outro lado da fronteira, na Síria, tomaram postos policiais em Falluja e numa outra cidade da província de Al-Anbar na semana passada.

O EIIL pediu aos sunitas do Iraque nesta terça-feira que continuem lutando contra o governo, caso contrário os xiitas irão "escravizá-los", em uma mensagem de áudio.

Na noite de segunda-feira, os líderes tribais de Falluja se reuniram e decidiram criar uma nova administração local. O grupo nomeou um novo prefeito e o chefe de polícia.

"Se o Exército atacar Falluja para lutar contra um punhado de elementos da Al Qaeda, isso vai ter consequências terríveis, vai provocar uma violência sem fim", disse um líder tribal sunita em Falluja à Reuters, acrescentando que o conflito poderia se espalhar para outros distritos sunitas.

"Estamos enviando uma mensagem clara ao governo", afirmou ele. "Vá em frente e lute contra a Al Qaeda fora de Falluja, e nós lidamos com o problema dentro da cidade."

As Forças Armadas iraquianas já bombardearam extremistas na semana passada. Há integrantes de tribos sunitas da região lutando dos dois lados.

Autoridades disseram que dezenas de militantes morreram, mas o número de vítimas entre civis, soldados e combatentes de tribos não está claro.

MORTES

Dez milicianos do EIIL, grupo vinculado à Al Qaeda, morreram nesta terça-feira em confrontos com as Forças de Segurança iraquianas e com moradores em Falluja e Ramadi, na província ocidental de Al-Anbar, informou a Agência Efe uma fonte policial.

Cinco dos milicianos morreram em Ramadi, onde também foram feridos outros dois, presos pela polícia.

Além disso, Khaled Ali Nasser, uma destacada figura do grupo Estado Islâmico, foi assassinado por moradores do oeste de Ramadi, divulgou a televisão iraquiana, que também informou da morte de outro líder da organização, Abu Tafi Qauqasi, na cidade de Falluja, depois de tentar estuprar uma mulher.

O governo iraquiano decidiu nesta terça conceder aos residentes de Al-Anbar mortos em enfrentamentos com extremistas o direito de serem reconhecidos como soldados mártires, informou o assessor de imprensa do primeiro-ministro Nouri al-Maliki, Ali al Musawi.

Na segunda-feira, os Estados Unidos disseram que acelerariam as entregas de equipamento militar para o Iraque. Os EUA descartaram o envio de tropas, dois anos depois do fim da ocupação.

Também na segunda-feira, forças de segurança iraquianas, com o apoio de combatentes das tribos, retomaram o controle do centro da capital de Al-Anbar, Ramadi, segundo um oficial. Os combates continuam em algumas áreas nesta terça-feira.

Esta é a primeira vez desde 2003, quando houve uma insurreição em resposta à invasão do Iraque pelos Estados Unidos, que insurgentes ligados à Al Qaeda tomam abertamente o controle de áreas urbanas no Iraque.


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