Folha de S. Paulo


Conselho de Segurança vota reforço de tropas no Sudão do Sul

O Conselho de Segurança da ONU votará nesta terça-feira a aprovação do pedido do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, de reforçar com 5.500 capacetes azuis a Missão no Sudão do Sul (UNMISS), que se somarão aos 7.600 que já estão no país.

Segundo informou o presidente do Conselho de Segurança, Gérard Araud, já existe uma minuta de resolução que gerou "uma reação positiva em todos os membros do Conselho" e será votada às 15h locais (18h de Brasília) a reação aos pedidos do secretário-geral.

O pedido de Ban inclui três unidades policiais com um total de 423 pessoas, três helicópteros de ataque, três helicópteros com fins utilitários e um avião de transporte militar C130, enquanto os soldados serão transferidos das missões no Congo, Darfur, Costa do Marfim, Libéria e da região sudanesa de Abyei.

Araud assegurou que ainda não têm um orçamento para este reforço da Missão no Sudão do Sul, embora espera que o definam "o mais rápido possível".

A embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Samantha Power, assegurou que os relatórios das Nações Unidas sobre a situação no Sudão do Sul são "profundamente preocupantes" e que o Conselho de Segurança fará "o que se necessite para estabilizar a situação", sempre no marco "de uma discussão política".

Ban Ki-moon escreveu hoje uma carta ao Conselho de Segurança na qual assegurava que "em vista da deterioração da segurança na situação do Sudão do Sul, tomei os passos para que urgentemente reforcem a capacidade de proteção da UNMISS".

Ban teve nesta terça-feira uma reunião com seu gabinete de crise na qual participaram por videoconferência seus representantes especiais para o Sudão do Sul (onde se refugiam atualmente 4.500 civis) e a União Africana, Hilde Johnson e Haile Menkerious, respectivamente.

A situação no Sudão do Sul prossegue sua escalada de violência, com centenas de mortos como resultado do enfrentamento entre o exército e a dissidência depois que o presidente Salva Kiir Mayardit denunciou na semana passada uma tentativa fracassada de golpe de Estado e responsabilizou o ex-vice-presidente Riek Machar.

A Missão da ONU no Sudão do Sul foi estabelecida em 2011 pela resolução 1996 do Conselho de Segurança.

CONFLITO

Começam a ser divulgados testemunhos sobre a violência étnica cometida pelas forças governamentais e pelos rebeldes em todo o país. O conflito tomou uma dimensão étnica, ao colocar em campos opostos os nuer, tribo de Machar, e os dinka, etnia de Kiir.

Ao menos 45 mil civis sul-sudaneses se refugiaram nas bases da ONU no país, entre eles 20 mil na capital Juba, indicou a ONU nesta terça-feira.

O homens de Machar, que desmente categoricamente estas alegações e acusa Kiir de querer eliminar seus rivais, tomaram duas capitais regionais estratégicas: a cidade de Bor, no estado instável de Jonglei, e Bentiu, no estado petroleiro de Unidade.

A ONU advertiu as diferentes facções armadas que se enfrentam no Sudão do Sul que as acusações de crimes contra a humanidade serão investigadas.

Pelo menos 20 civis que estavam refugiados em uma base da ONU, no povoado de Akobo, estado de Jonglei, foram assassinados durante um ataque em que também morreram dois capacetes azuis indianos na semana passada.

A produção de petróleo no país caiu em 45 mil barris diários passando para 200 mil barris diários segundo o ministro do Petróleo, devido aos conflitos.


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