Folha de S. Paulo


NSA espionou Israel, UE, Alemanha e empresas francesas, diz mídia

Novas reportagens publicadas nesta sexta-feira deram mais detalhes sobre o alcance da espionagem americana, que atingiu também políticos israelenses, autoridades europeias e empresas francesas, além da Unicef (fundo da ONU para a infância).

Segundo material revelado simultaneamente pelo "The New York Times", "The Guardian" e "Der Spiegel", a NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) monitorou o então premiê de Israel, Ehud Olmert, e seu ministro da Defesa, Ehud Barak, além de membros de ministérios de Energia e Finanças da Europa, chefes de Estado africanos, diretores de ONGs e o atual vice-presidente da Comissão Europeia, o espanhol Joaquin Almunia.

O monitoramento foi feito entre 2008 e 2011, em cooperação com serviços de inteligência britânicos. As informações foram obtidas de documentos vazados pelo ex-técnico da NSA Edward Snowden, asilado na Rússia.

Mais de mil pessoas espionadas, incluídos alguns suspeitos de terrorismo, são contabilizadas nos documentos.

Antes, já havia se tornado público que a NSA tinha espionado outros chefes de Estado, como a brasileira Dilma Rousseff e a alemã Angela Merkel, e empresas privadas, como a Petrobras.
Agora, outra companhia petrolífera, a francesa Total, também entrou na lista.

Em nota, a porta-voz da agência, Vanee Vines, afirmou que a NSA "não usa nossas capacidades de inteligência estrangeira para roubar segredos comerciais de companhias estrangeiras para dar a empresas americanas".

As novas revelações ocorrem em meio a uma série de derrotas para os defensores da atuação da NSA.

Na segunda-feira, um juiz de Washington declarou a espionagem "inconstitucional". Na terça, executivos das maiores empresas de tecnologia do país reclamaram ao presidente Barack Obama que estavam perdendo negócios pela "perda de confiança" causada pelo escândalo.

Na quarta, a comissão independente criada por Obama recomendou a redução dos poderes da agência.

Nesta sexta, o presidente afirmou que os EUA precisam "ganhar a confiança da comunidade internacional" com a revisão do programa de espionagem, que ele deve anunciar em janeiro.

Em entrevista na Casa Branca, antes de sair para duas semanas de folga com a família no Havaí, ele não disse se daria anistia a Snowden, que quer asilo no Brasil.

"Já disse que precisávamos ter esse importante e necessário dialogo, mas ele também causou danos à diplomacia e segurança dos EUA", disse. "Snowden está indiciado e esse caso é de responsabilidade do Ministério da Justiça e dos tribunais."

Mas aproveitou para criticar países, como a Rússia, que têm feito referências ao poder de espionagem dos EUA.

"Países que fazem aquilo com o que o senhor Snowden diz estar preocupado e coisas muito piores, espionando seus cidadãos e tendo como alvo opositores políticos, ficam à margem do debate, acusando os EUA", reclamou.


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