Folha de S. Paulo


Secretário-geral diz que transformação sul-africana foi triunfo para ONU

O secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, disse ontem que a transformação da África do Sul foi também um triunfo para as Nações Unidas.

Em discurso durante a cerimônia em homenagem a Nelson Mandela, em um estádio de Johannesburgo, Ban lembrou das sanções, do embargo de armas e do isolamento diplomático impostos pela ONU à África do Sul.

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"Falamos alto e claro em todo o mundo [contra o apartheid]", declarou, bastante aplaudido.

Segundo o secretário-geral, o continente africano perdeu um herói, e o país perdeu um pai. "O mundo perdeu um mentor. Mandela foi mais do que um dos grandes líderes do nosso tempo. Ele foi um dos nossos professores".

Para Ban, "Mandela liderava dando exemplo". "Ele odiava o ódio. E tinha um coração maior do que esse estádio".

Há cerca de cem líderes mundiais no estádio Soccer City, na homenagem a Mandela. A cerimônia foi aberta com o hino sul-africano, e em seguida houve um culto multirreligioso, com falas de líderes das comunidades judaica, muçulmana, hindu e cristã.

Entre os mais aplaudidos estiveram o presidente Barack Obama e o ditador Raúl Castro. O mais vaiado é o presidente sul-africano, Jacob Zuma.

A presidente Dilma Rousseff será uma das que discursarão no evento, ao lado do presidente americano, Barack Obama, entre outros. Ela está acompanhada pelos ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

CERIMÔNIA

O serviço religioso começou por volta do meio-dia local (8h em Brasília). Os portões foram abertos às 6h (2h no Brasil) mas as filas e tumulto na portaria, um temor da segurança, não se confirmaram. A chuva e o frio, além do fato de ser um dia normal de trabalho, fizeram com que o estádio fosse ocupado lentamente.

A viúva do ex-presidente, Graça Machel, chegou emocionada ao estádio, acompanhada por um grupo de mulheres.

Ao chegar ao lugar destinado à família, ela deu um forte abraço na ex-mulher do líder negro, Winnie, que também acompanhou os últimos meses de vida de Mandela. O gesto emocionado foi mostrado no telão do estádio e comemorado pelos sul-africanos que acompanham a cerimônia.

Mandela morreu na noite da última quinta (5), aos 95 anos, após uma série de infecções pulmonares que se complicaram no último ano. A semana de lembrança ao líder da luta contra o apartheid se encerrará com seu sepultamento, no domingo (15), na aldeia de Qunu, onde passou sua infância.


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