Folha de S. Paulo


Aviões militares dos EUA sobrevoam mar do Leste da China sem informar a China

Em tom de desafio, os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira que sobrevoaram, sem aviso prévio, o novo espaço de defesa aérea chinês, decretado unilateralmente por Pequim no último sábado.

A área abrange as ilhas Senkaku, controladas pelo Japão, mas reivindicadas por chineses (que as chamam de Diaoyu) e taiwaneses (Tiaoyutai).

Editoria de Arte/Folhapress

Em zonas desse tipo, aeronaves estrangeiras devem se identificar, apresentar seu plano de voo e manter comunicação por rádio, o que não aconteceu.

Os aviões militares americanos --do tipo B-52-- partiram da base de Guam, localizada a mais de 2.600 quilômetros do arquipélago, e ficaram quase uma hora no espaço reivindicado pelos chineses. Segundo o coronel Steve Warren, o voo, parte de um exercício militar, estava planejado há muito tempo.

"Temos feito operações na área das ilhas Senkaku. Continuamos a seguir os nossos procedimentos normais, que incluem não preencher planos de voo, não estabelecer comunicação por rádio e não registrar nossas frequências", disse, usando o nome japonês para as ilhas.

A China não havia se pronunciado sobre o assunto até a conclusão desta edição.

Embora sejam bombardeiros, os B-52 não carregavam armas nem estavam escoltados por caças. O exercício foi realizado sem sobressaltos e sem que a força aérea chinesa entrasse em contato com as aeronaves.

Segundo fontes ouvidas pelas agências de notícias, o voo aconteceu entre 3h e 6h desta terça-feira (horário de Brasília).

O governo japonês anunciou que suas linhas aéreas nacionais também não irão apresentar seus planos de voo à China antes de atravessar aquela região.

TENSÃO

China e Japão estão com as relações estremecidas há cerca de um ano.

Em setembro, o governo de Tóquio nacionalizou três das cinco ilhas que compõem o arquipélago Senkaku/Diaoyu, localizado entre a China, o Japão e Taiwan. A iniciativa provocou uma onda de manifestações contra o Japão, algumas violentas, em várias cidades da China.

Desde então, Pequim envia com frequência patrulhas até as proximidades das ilhas, que são praticamente inabitadas. O governo japonês também intensificou a presença militar na região, que parece abrigar importantes recursos marítimos e energéticos e foi historicamente objeto de disputas diplomáticas.

Após o anúncio da China no sábado, o Japão disse que a zona de defesa anunciada não era válida porque abrangia parte de seu território. Para um porta-voz da diplomacia chinesa, a reação japonesa foi "exagerada e irracional".


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