Folha de S. Paulo


Vaticano nomeia empresa de contabilidade para assessorar governo

A empresa de contabilidade Ernst&Young recebeu a função de verificar e assessorar as atividades econômicas e os processos de gestão administrativa do Governatorato, o governo do Vaticano.

Em um comunicado emitido nesta segunda-feira pelo presidente do Governatorato, é relatado que a decisão foi adotada em 15 de novembro, de acordo com a Comissão Pontifícia Referente de Estudo e Indicação para Assuntos Econômicos e Administrativos da Santa Sé.

O comunicado acrescenta que a documentação com os resultados da assessoria estará disponível para a Comissão e servirá para sugerir recomendações para melhorar a eficiência e eficácia dos processos financeiros e administrativos do Governatorato.

Nesta segunda-feira, foi publicado o "Motu Proprio" - nome dado aos decretos assinados pelo Papa - que aprova o novo estatuto da Autoridade de Informação Financeira (AIF) do Vaticano. O documento, que entra em vigor no próximo dia 21 de novembro, confere ao órgão a função de "vigilância preventiva" sobre entes que realizam atividades de natureza financeira.

O governo da Cidade do Vaticano esteve no centro das atenções no ano passado, quando em janeiro de 2012, vieram à tona cartas enviadas ao então Papa Bento XVI pelo núncio nos Estados Unidos e ex-secretário-geral do Governatorato, Carlo Maria Viganò, que denunciavam a corrupção, prevaricação e má gestão na administração do Vaticano.

Em uma dessas cartas, Viganò dizia que os banqueiros que integram o Comitê de Finanças e Gestão do Governatorato e da Secretaria de Estado estavam mais preocupados com seus interesses do que com os interesses do Vaticano e que, até o final de 2009, haviam perdido 2,5 milhões de dólares em uma transação financeira.

Estas cartas estão entre os documentos do Papa reservados e vazaram para a mídia. O caso ficou conhecido como Vatileaks.

A atribuição a Ernst & Young é parte da operação de transparência promovida pelo papa Francisco e, na mesma linha, no dia 15 de outubro, se anunciou uma auditoria da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (APSA), que foi confiada ao Promontory Financial Group .

Este mesmo grupo é responsável pelas verificações sobre as contas correntes do Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido como Banco do Vaticano.

Em agosto deste ano, o papa já havia assinado um "Motu Proprio" que criou normas sobre transparência, vigilância e informação econômica, reforçando o quadro institucional da Igreja para prevenir e combater potenciais atividades ilícitas.


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