Folha de S. Paulo


Secretário de Estado norte-americano admite exagero em algumas espionagens

O Secretário de Estado norte-americano, John Kerry, 69, admitiu ontem (31), em meio a polêmica na Europa por escutas da Agência Nacional de Segurança (NSA), que os Estados Unidos foram longe demais em alguns casos de espionagem.

"Em alguns casos, reconheço, tanto como o presidente, que algumas destas ações foram muito longe e vamos garantir que isto não aconteça no futuro", disse Kerry em videoconferência a partir de Londres.

Ao lado do ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, o chefe da diplomacia americana justificou as práticas de Inteligência e coleta de informações como parte da luta contra o terrorismo e a prevenção de atentados.

"Nosso presidente está decidido a tentar esclarecer (estas práticas) para que ninguém se sinta enganado", disse ele sobre os milhares de grampos realizados pela NSA, incluindo contra líderes de importantes aliados dos Estados Unidos, como França e Alemanha.

Kerry acrescentou que o país tentava, de forma aleatória, encontrar vias para determinar se existiam ameaças que exigiam respostas por parte do governo.

DIPLOMACIA

Revelações recentes e reportagens sobre a espionagem generalizada praticada pela NSA provocaram tensão entre os EUA e Europa.

A chanceler alemã Angela Merkel reclamou com o presidente Barack Obama após as notícias de que teve o telefone celular monitorado. Uma delegação do serviço de inteligência da Alemanha e legisladores da União Europeia viajaram à capital americana na quarta-feira (30) para discutir o tema espionagem.

As respostas de Kerry foram enviadas em uma transcrição do Departamento de Estado. "Muitas partes do mundo foram objeto de ataques terroristas e, em resposta, os Estados Unidos e outros se uniram - outros, enfatizo - e perceberam que estamos lidando com um novo mundo.", destacou.

Kerry também criticou as reportagens sobre espionagem baseadas nos vazamentos do ex-consultor da NSA Edward Snowden, refugiado na Rússia e acusado por Washington de espionagem.

"Há um grande volume de exagero nestas reportagens", argumentou Kerry.


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