Folha de S. Paulo


"Há setores sofrendo", diz CNI sobre atrasos nos pagamentos da Venezuela

Os empresários brasileiros estão preocupados com a situação dos atrasos nos pagamentos de exportações feitas à Venezuela. Eles sabem, contudo, que uma solução não deve vir rapidamente.

"Há setores sofrendo. O problema é que eles não têm dinheiro para pagar", afirmou o diretor de desenvolvimento industrial da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Carlos Eduardo Abijaodi, nesta segunda-feira (28).

A Folha informou hoje que o governo brasileiro enviou uma missão a Caracas para tratar dos atrasos. Há empresas que estão há quatro meses tentando receber o pagamento pelos produtos exportados ao país.

Os calotes têm relação com a crise econômica vivida pela Venezuela, recentemente integrada ao Mercosul. Com reservas internacionais em níveis muito baixos, o governo vêm restringindo a distribuição de dólares, o que inviabiliza os pagamentos.

Abijaodi lembra, contudo, que as compras de bens essenciais, como alimentos, são centralizadas pelo próprio governo de Nicolas Maduro.

"Hoje essa parte de abastecimento é controlada pelo governo, é estatizada. O próprio governo está tendo retenção [de dólares]", afirmou.

Segundo ele, como a economia da Venezuela é muito dependente das vendas de petróleo, o país deve continuar enfrentando oscilações no patamar de suas reservas internacionais. Ou seja, o mais provável é que a situação persista.

"A economia do país é baseada em petróleo. E commodity você não controla o preço. As reservas da Venezuela não são permanentes. Hoje elas estão bem, amanhã estão mal", afirmou. "Não há solução de curto prazo".

Apesar do impasse nos pagamentos, não há ainda um movimento evidente de exportadores abandonando o mercado venezuelano.

"É um mercado é interessante para os empresários. E houve um estímulo [do governo brasileiro] para as empresas exportarem, porque eles estavam precisando. Para as empresas vender é muito bom, mas elas precisam receber", disse.


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