Folha de S. Paulo


Aumenta a pressão para que opositores participem de negociação sobre a Síria

Diplomatas de países ocidentais e árabes aumentaram a pressão sobre a oposição síria nesta segunda-feira para superar suas divisões e participar no próximo mês, em Genebra, das negociações de paz programadas.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry , reuniu-se nesta segunda-feira com representantes da Liga Árabe em Paris. Na terça-feira, haverá uma reunião em Londres com a oposição síria e 11 países árabes e ocidentais que a apoiam.

Os ministros de Relações Exteriores da União Europeia (UE) pediram nesta segunda-feira à oposição síria que participe de forma unida e ativa na conferência de paz de Genebra 2, agendada para novembro. Os ministros, reunidos em Luxemburgo, incentivaram a Coalizão Nacional a assumir o papel principal nas negociações.

A Coalizão anunciou que adiou para o início de novembro uma reunião interna marcada esta semana para definir uma posição sobre a conferência de paz.

O emissário da Liga Árabe e da ONU, Lakhdar Brahimi, convidou nesta segunda-feira todos que têm interesse e influência sobre a situação na Síria para participar da conferência de paz , depois de uma reunião em Bagdá com o primeiro-ministro Nouri al Maliki.

Brahimi advertiu no último domingo que a conferência Genebra 2, destinada a criar um governo de transição e acabar com quase três anos de guerra, não pode ter lugar sem a presença de uma oposição credível ao presidente Bashar al- Assad.

"Existe um acordo para tentar realizar Genebra 2 em novembro, mas a data não foi definida oficialmente", Brahimi disse.

Brahimi fez suas declarações durante a primeira etapa de uma viagem pelo Oriente Médio com o objetivo de obter apoio a essa iniciativa que pretende acabar com o conflito que começou há cerca de 31 meses e deixou mais de 115.000 mortos, além de deslocar vários milhões de pessoas.

Depois de visitar o Iraque nesta segunda-feira, o enviado irá viajar para o Catar, Turquia, Irã, Síria e depois irá a Genebra para conversas com representantes russos e norte-americanos.

Assad disse em entrevista a uma emissora de televisão libanesa, nesta segunda-feira, que ainda não há condições para iniciar um diálogo de paz com a oposição.

"Não foram definidos prazos e ainda não estão reunidas as condições, se quisermos que (a conferência de paz Genebra 2) seja um sucesso", declarou o presidente.

Estados Unidos e Rússia têm tentado organizar esta conferência após o acordo histórico alcançado com a Síria para que o país destrua suas armas químicas até em meados de 2014. No entanto, a oposição criticou fortemente o acordo, que impediu um bombardeio americano contra forças do regime após um ataque com gás sarin em agosto, que matou centenas de pessoas.

A oposição também pediu a renúncia de Assad como parte de qualquer acordo, enquanto o regime tem insistido que sua saída não está em negociação.

A Coalizão Nacional anunciou que seus membros vão decidir nos próximos dias se assistirão às discussões de Genebra, enquanto o Conselho Nacional Sírio, um dos principais membros do bloco, ameaçou sair caso a Coalizão decida participar.

No entanto, ainda que a Coalizão participe da reunião em Genebra, não se sabe se ela é capaz de implementar um acordo, depois de dezenas de grupos rebeldes rejeitaram a organização nas últimas semanas.


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