Folha de S. Paulo


Brasil deve ter internet própria, diz jornalista de espionagem dos EUA

O jornalista Gleen Greenwald, que publicou matérias sobre a espionagem dos Estados Unidos, afirmou que o Brasil e a Argentina deveriam ter uma internet própria para evitar o monitoramento americano.

"Há uma consciência real de que a Argentina e o Brasil estão construindo uma internet própria, assim como a União Europeia, algo que até agora só fez a China", afirmou Greenwald em entrevista concedida no Rio de Janeiro ao jornal argentino "Página/12".

Para ele, os países devem construir pontes para evitar que a rede se torne monopólica. O jornalista recebeu documentos do ex-prestador de serviços da Agência de Segurança Nacional americana, Edward Snowden.

Ele considera que o objetivo da Casa Branca é controlar a informação para aumentar seu poder no mundo e usa o pretexto do terrorismo para agir livremente. "É uma boa desculpa para torturar, sequestrar e prender", disse ainda.

O jornalista defendeu o vazamento de informação feito por Snowden e anteriormente pelo ex-soldado americano Bradley Manning, recentemente condenado a 35 anos de prisão por ter entregue documentos a Julian Assange, fundador do site WikiLeaks.

Para Greenwald, Assange "é um herói pelo trabalho que fez no WikiLeaks porque foi ele que plantou a ideia de que, na era digital, era muito difícil para os governos proteger seus segredos sem destruir outra privacidade".

Depois das revelações de espionagem no Brasil, que incluiu a presidente Dilma Rousseff, a chefe de Estado brasileira suspendeu a visita de Estado que faria a Washington em 23 de outubro.

Em função da delicada situação, o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, reuniu-se na sexta com o secretário de Estado americano, John Kerry, à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York, em um encontro solicitado pelos EUA para aplacar a grave crise desencadeada pelo escândalo de espionagem.


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